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CARLOS HEITOR CONY
Alerta geral
RIO DE JANEIRO - Não dá para entender a reação da classe política
diante da decisão dos bancos internacionais que aconselharam cautela
a investidores que têm negócios no
Brasil ou com o Brasil.
Não faz muito, em eleição passada,
um líder empresarial garantiu que
haveria um êxodo de capital e de capitalistas para o exterior caso o candidato do PT ganhasse a eleição presidencial. Até hoje, não se sabe se foi
uma simples cascata ou um código
interno da classe patronal para impedir contribuições à campanha eleitoral daquele partido.
Agora, são os bancos estrangeiros
-não todos, é verdade, mas os que se
consideram mais por dentro das nossas mumunhas políticas- que dão o
brado: a liderança de Lula nas pesquisas é em si uma ameaça aos investimentos. Ainda que não seja verdade, o alerta do capital estrangeiro faz
estragos no público interno.
Com cinco meses de antecedência,
já se percebem os movimentos explícitos dos interessados em manter não
apenas a continuidade mas o continuismo da atual política econômica,
que bateu todos os recordes em matéria de atrair o capital especulador em
detrimento do capital produtor.
Por ora, são os bancos. Numa segunda etapa, serão os donos de terra
que farão a mobilização contra qualquer candidatura que não seja afinada com a equipe neoliberal que está
no poder há quase oito anos.
Pior ainda: as famosas vivandeiras
(consultem o Elio Gaspari) já se assanham, excitadíssimas, rondando militares, na esperança de convencê-los
do perigo que ameaça a paz social.
Como sabemos, o PT mudou de
maquiagem e quase mudou de discurso. A birra nem é exatamente contra o partido, que tem intelectuais e
pessoas confiáveis ao sistema. O medo é mesmo de Lula, que fala errado,
não tem curso superior, é nordestino
e talvez nem saiba onde fica a USP.
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