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Editoriais
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O peso da especulação
Se alguém ainda duvidava de
que os preços das commodities
embutem um componente especulativo, as sensíveis quedas de
preços ocorridas nesta semana
-sem grande novidade na dinâmica da economia global- oferecem forte evidência em contrário.
O preço do barril do petróleo
caiu 13%, para US$ 98, revertendo
em menos de uma semana quase
toda a alta acumulada desde que
se intensificou a tensão no Oriente
Médio, em fevereiro. Tombos mais
espetaculares ocorreram com matérias-primas como a prata (menos 27%), e mesmo produtos agrícolas tiveram perdas importantes.
Além da maior demanda real,
oriunda principalmente de países
emergentes, nos últimos anos as
matérias-primas atraíram um volume crescente de investimentos
de natureza financeira. Estima-se
que em março houvesse US$ 412
bilhões em investimentos no setor, aumento de quase 50% em relação ao mesmo período de 2010.
Não é surpresa, assim, que os
preços reflitam cada vez mais o
que ocorre nas mesas de operação
de bancos e fundos de investimento, cujas opiniões e apostas podem mudar em minutos.
Outra fonte de volatilidade é a
ligação dos preços das matérias-primas com o valor do dólar. Como a maior parte delas é cotada e
negociada em dólar, quando há
uma persistente tendência de desvalorização da moeda americana
os preços em dólares sobem.
Nos últimos meses o banco central americano (Fed) aumentou
brutalmente a moeda em circulação, desvalorizou o dólar e, assim,
elevou preços das matérias-primas. Tal política gera críticas no
restante do mundo, pois dissemina pressões inflacionárias.
Uma possível razão para a queda desta semana é a simples reversão desse movimento especulativo, que pode ser apenas temporária. Parece haver também alguma
insegurança com a manutenção
do ritmo de crescimento global
nos próximos meses.
Seja como for, o fato é que oscilações grandes em intervalos curtos de tempo mostram que pouco
se sabe a respeito da demanda final de tais produtos.
Para o Brasil, a queda de preços
da semana traz boas notícias. O índice de commodities calculado
pelo Banco Central já havia caído
1,64% em abril e, neste mês, pode
voltar ao patamar do início do
ano, o que alivia a pressão inflacionária de curto prazo.
Já era esperada forte queda na
variação mensal do IPCA nos próximos dois ou três meses, movimento que agora pode ser acentuado. Com isso, reduz-se o risco
de rompimento do teto da meta de
inflação neste ano, de 6,5%.
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