São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Chutão
"Na edição de 5/6, a Folha publicou declaração de Luiz Felipe Scolari de que zagueiro tem de dar um chutão para a frente. Isso revela o quanto é retrógrado o técnico da seleção brasileira. O chutão para a frente está ultrapassado no futebol há mais de 40 anos, desde que o Brasil foi campeão do mundo em 58. Zagueiro, claro, não deve sair driblando, mas tem de saber rolar a bola macia para o meio de campo, pois, quando a rebatida é forte demais, a bola vai muito pesada e prejudica a armação ofensiva. Craques do meio-campo, como Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Didi e Gérson, sempre condenaram os tais chutões para a frente. Na antevéspera da final de 50, Zizinho pediu ao treinador Flávio Costa que substituísse o lateral-esquerdo Bigode por Nilton Santos exatamente por Bigode se servir do estilo que hoje Scolari defende. Zizinho não foi atendido. E o Brasil perdeu para o Uruguai em grande parte pelas rebatidas feitas a esmo e pela falta de cobertura defensiva."
Pedro do Coutto (Rio de Janeiro, RJ)

Educação
"O artigo "O mito USP está chegando ao fim?", de Gilberto Dimenstein (Cotidiano, pág. C6, 26/5), conclui, com base numa pesquisa empírica e inexpressiva (feita em 15 escolas da elite paulistana), que o mito USP está abalado, embora ela ainda permaneça como a primeira opção para quem quer fazer um curso superior em São Paulo. E sugere que o suposto abalo deve-se às greves, às paralisações e às sofríveis condições de ensino -entre elas a falta de professores. É verdade que há acentuada falta de professores em alguns cursos. Éramos 5.672 em 1990 e hoje somos cerca de 4.700. Houve uma redução de quase mil docentes enquanto o número de alunos na graduação subiu de 35 mil para 39 mil. Na pós-graduação, o total de alunos passou de 16 mil em 1990 para 28 mil em 2000. A USP forma mais de 40% dos doutores do Brasil. E nada aponta para um declínio da qualidade de seus cursos, felizmente. Sonegar qualidades e acentuar dificuldades faz parte de uma estratégia clara de esconder o papel relevante da universidade pública. Temos de sanar os seus problemas para continuar com a expansão de vagas e para manter a qualidade da pesquisa. Diagnosticar, entre as causas da piora do ensino médio, o "afastamento da elite, que foi parar nas escolas privadas", leva à conclusão de que a salvação do ensino repousa na iniciativa privada. Seria hilário se não fosse totalmente incorreto."
Jair Borin, professor titular da ECA-USP, membro do Conselho de Representantes da Adusp -Associação dos Docentes da USP (São Paulo, SP)

"O artigo "A vergonha do analfabetismo" ("Tendências/Debates", pág. A3, 4/6) resumiu o que vem acontecendo com a educação em nosso país. Atualmente, cerca de 18 milhões de brasileiros numa faixa etária de dez anos ou mais não foram ainda alfabetizados -a maior taxa de analfabetismo da América Latina. Mais do que com as diferenças de renda e com os índices alarmantes de desemprego e de violência, os candidatos à Presidência deveriam preocupar-se com a erradicação dessa mancha, que, sem dúvida, impedirá qualquer pretensão de fazer do Brasil um país com brilho próprio e seguro de seu importante papel no destino da América."
Maria de Fátima Almeida Pellicioli (São Paulo, SP)

Progresso
"Nos anos 70, Joaquinzão era o "pelegão". Nunca foi cotado para ser candidato a vice-presidente da República. Hoje, Paulinho é o "peleguinho", mas é cotado para candidato a vice-presidente da República na chapa de Ciro Gomes. Quanto progresso político ocorreu na redemocratização do país, hein?"
Ney José Pereira (São Paulo, SP)

Fumo e TV
"Gostaria de expressar o meu profundo desgosto com o programa "Big Brother Brasil", exibido em horário nobre. Durante a apresentação do programa, quase todos os atores ficam fumando, não importa o que estejam fazendo. A Rede Globo, uma das melhores redes de televisão, está demonstrando total descaso com a saúde da população, pois o programa, com um bom nível de audiência, está dando um mau exemplo ao mostrar os atores fumando. Podemos, então, concluir que todos os esforços feitos pelo Ministério da Saúde, assim como todo o dinheiro gasto com a propaganda veiculada nos pacotes de cigarros que alerta a população de que "fumar é prejudicial à saúde" foram inúteis."
Albert Beukers (São Paulo, SP)

Genéricos
"Falo sobre o tema como cidadão, conforme sugere o líder do PSDB na Câmara, o deputado Jutahy Júnior ("Saúde", "Painel do Leitor", 6/6). Se o remédio genérico têm méritos, e os têm, os méritos são do ministro Jamil Haddad (Saúde) e do ex-presidente Itamar Franco. O deputado deveria parar de tentar justificar o injustificável."
Kleber Moreira (Diadema, SP)

Álcool
"Apreciamos imensamente o artigo "O motor afogou", do empresário Benjamin Steinbruch (Dinheiro, pág. B2, 4/6), sobre o Proálcool. Contudo caberiam algumas observações adicionais: O Proálcool teve financiamentos correspondentes a US$ 11 bilhões. As usinas e destilarias contempladas quitaram os empréstimos contratados no Banco do Brasil e no BNDES. Desde o início do Proálcool, em 1975, foram economizados cerca de US$ 50 bilhões com a substituição da gasolina derivada do petróleo importado pelo álcool combustível. Se considerarmos a economia de divisas, o valor acumulado alcança mais de US$ 105 bilhões. Os preços do açúcar e do álcool produzidos no Estado de São Paulo são os mais competitivos de todo o mundo. Existem ainda ganhos de produtividade a serem alcançados diante do desenvolvimento da tecnologia industrial e agrícola, podendo o álcool competir ainda mais com o petróleo importado (40% das nossas necessidades). A indústria sucroalcooleira não necessita de subsídios, mas, sim, do estabelecimento de diretrizes e de políticas governamentais. Há necessidade também de levarmos em conta os benefícios ao ambiente das cidades e à saúde da população que o uso de álcool nos veículos traz."
Luiz Gonzaga Bertelli, diretor do Departamento de Infra-Estrutura Industrial da Fiesp/Ciesp -Deinfra (São Paulo, SP)

PT
"Sempre fui contra aqueles que diziam que o PT tinha de ser oposição, e não situação. Mas, diante dos números referentes aos recursos aplicados na educação no primeiro ano de governo da prefeita de São Paulo, tenho de admitir que o referido partido era mais útil na prefeitura durante os governos Maluf e Pitta, quando os seus vereadores encabeçavam CPIs para apurar a não-aplicação da porcentagem correta de recursos tributários na educação. Querendo ou não, o futuro de nossas crianças era mais promissor, mais seguro. Mudar a lei para cumpri-la mais facilmente é errado, abominável até. Fico agora na esperança de que o TCM mantenha a sua tradição e faça que no ano que vem essa situação não se repita."
Renata Cristina Muller (São Paulo, SP)



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