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FERNANDO RODRIGUES
Dirceusistas e paloccistas
BRASÍLIA - Já faz tempo que o governo Lula se divide em duas alas. Uma
é comandada por Antonio Palocci (Fazenda), que agrega mais gente de
fora do que petistas -por exemplo, o
ministro da Coordenação Política,
Aldo Rebelo, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e tucanos
saudosos do poder.
A outra ala é a do ministro José Dirceu (Casa Civil), com os presidentes
da Câmara e do Senado, João Paulo
Cunha e José Sarney. Também se encaixa nesse grupo, de maneira circunstancial, o senador Aloizio Mercadante -que não se dá com João
Paulo nem com Sarney, mas diverge
das diretrizes de Palocci.
O grupo paloccista abriu vários corpos de vantagem em relação aos dirceusistas. Por vários motivos. O Waldogate estropiou Dirceu. A reeleição
de João Paulo e de Sarney foi para o
beleléu. O PIB está crescendo.
Para piorar, Aldo Rebelo tem dado
a impressão de ser mais eficaz que
Dirceu nas manobras congressuais.
Dirceusistas estão empenhados há alguns dias, e cada vez mais, em demonstrar que Aldo Rebelo seria uma
miragem, não uma realidade.
O PC do B de Aldo Rebelo tem nove
deputados e dois ministérios. Ainda
assim, só deu seis votos a favor do salário mínimo de R$ 260.
Lula tem dito que cobrará fidelidade de todos os partidos aliados. Essa
promessa anima os dirceusistas. Acalentam o sonho de ver o PC do B perdendo uma pasta, como efeito-demonstração para a votação do salário mínimo no Senado, em alguns
dias. Aldo ficaria enfraquecido. Debilitar um paloccista é mais fácil do que
atingir Palocci.
Ontem, o "Correio Braziliense" publicou enquete na qual 42 dos 81 senadores dizem abertamente ser contra o mínimo de R$ 260. Dirceu e seu
grupo vão se concentrar para reverter
esse quadro. Terão cuidado para que
o bônus da vitória não entre só na
conta de Aldo Rebelo. De preferência,
para que não sobre nada para a festa
do ministro do PC do B.
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