São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Dirceusistas e paloccistas

BRASÍLIA - Já faz tempo que o governo Lula se divide em duas alas. Uma é comandada por Antonio Palocci (Fazenda), que agrega mais gente de fora do que petistas -por exemplo, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e tucanos saudosos do poder.
A outra ala é a do ministro José Dirceu (Casa Civil), com os presidentes da Câmara e do Senado, João Paulo Cunha e José Sarney. Também se encaixa nesse grupo, de maneira circunstancial, o senador Aloizio Mercadante -que não se dá com João Paulo nem com Sarney, mas diverge das diretrizes de Palocci.
O grupo paloccista abriu vários corpos de vantagem em relação aos dirceusistas. Por vários motivos. O Waldogate estropiou Dirceu. A reeleição de João Paulo e de Sarney foi para o beleléu. O PIB está crescendo.
Para piorar, Aldo Rebelo tem dado a impressão de ser mais eficaz que Dirceu nas manobras congressuais. Dirceusistas estão empenhados há alguns dias, e cada vez mais, em demonstrar que Aldo Rebelo seria uma miragem, não uma realidade.
O PC do B de Aldo Rebelo tem nove deputados e dois ministérios. Ainda assim, só deu seis votos a favor do salário mínimo de R$ 260.
Lula tem dito que cobrará fidelidade de todos os partidos aliados. Essa promessa anima os dirceusistas. Acalentam o sonho de ver o PC do B perdendo uma pasta, como efeito-demonstração para a votação do salário mínimo no Senado, em alguns dias. Aldo ficaria enfraquecido. Debilitar um paloccista é mais fácil do que atingir Palocci.
Ontem, o "Correio Braziliense" publicou enquete na qual 42 dos 81 senadores dizem abertamente ser contra o mínimo de R$ 260. Dirceu e seu grupo vão se concentrar para reverter esse quadro. Terão cuidado para que o bônus da vitória não entre só na conta de Aldo Rebelo. De preferência, para que não sobre nada para a festa do ministro do PC do B.


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