|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VINICIUS TORRES FREIRE
Lula, marquetagem e história
SÃO PAULO - O país deve conhecer hoje nova marquetagem de Lula da
Silva, o Farmácia Popular. O programa é uma bobagem marqueteira
plantada pelo ministro da Propaganda, Duda Mendonça, que a trouxe da marquetice malufista.
Se funcionar, o Farmácia Popular
será ainda pior que seu fracasso.
Contradiz a lógica do sistema de universalização e gratuidade da saúde.
Cria custos adicionais. Deve desvirtuar laboratórios públicos. Cria mais
farmácias, já em excesso. É tão tolo
como o Fome Zero (que bagunçou a
assistência social) ou como o Primeiro Emprego (que é ineficaz ou vai
subsidiar empresas que queiram demitir gente mais velha).
O petismo-lulismo não tem idéia
dos problemas estruturais do país, de
como é difícil mudar políticas públicas, modificar a distribuição dos
grandes agregados da renda.
Lula nem arranha temas como a
desigualdade na distribuição de poder e renda, a dívida pública, os gastos públicos apropriados pelos mais
ricos (dos juros a educação, saúde e
Previdência).
FHC fez imensa dívida a fim de
custear a modernização conservadora da economia. Para ter alguma paz
sociopolítica, aumentou (meio obrigado) a assistência social, mas a desigualdade permaneceu. O gasto com
juros em relação ao gasto social subiu 50% em seu governo. Lula segue
na mesma toada.
O grande feito de Lula é continuar
a política econômica que desde 1988
toma conta do país e chega agora ao
paroxismo (que se imaginava ter sido FHC). A tão falada redução do
déficit externo é quase só resultado
de câmbio desvalorizado (desde
1999) e significa voltar a indicadores
da época de Delfim (1983/85).
Os pobres pagam relativamente
mais impostos. Leis tributárias e trabalhistas retrógradas arrebentam o
emprego. Os ricos se apropriam ainda mais dos fundos sociais, pois a dívida cresce, vitaminada pelo Banco
Central inimputável.
Mudanças, só cosméticas. O lulismo-petismo apenas passa batom na
sua miséria intelectual e política.
Texto Anterior: Editoriais: BODE EXPIATÓRIO
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Dirceusistas e paloccistas Índice
|