São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Medicamentos para o povo ZILDA ARNS NEUMANN
É com muita esperança que costumo falar sobre o acesso aos serviços
públicos de saúde com qualidade e acolhimento. É uma caminhada em direção
ao direito constituído de todas as classes
sociais no Brasil.
Na Farmácia Popular do Brasil, os medicamentos serão fornecidos a preço de custo, tornando-se acessíveis aos brasileiros de renda média e que dispõem de poucos recursos para compra-los em outras farmácias. Essa iniciativa não deverá prejudicar o acesso a medicamentos dos mais pobres, que continuarão obtendo os remédios essenciais nos postos de saúde, como acontece hoje. É preciso destacar que a Farmácia Popular servirá a qualquer brasileiro, e não a segmentos da população. Com isso, além de distribuir remédios gratuitos à parcela da população que procura o SUS, o Ministério da Saúde abre uma outra frente de assistência farmacêutica, com verba extraordinária, especialmente conquistada para essa finalidade. Gradualmente, a Farmácia Popular do Brasil vai fornecer medicamentos que atendam a 95% das prescrições. São remédios contra hipertensão, diabetes, asma, tosse e dor, antibióticos, antiinflamatórios, anticonvulsivos, soro hidratante oral e outros de uso contínuo e de consumo amplo. Os remédios serão fornecidos apenas para portadores de receita médica, a fim de evitar a automedicação. Na primeira etapa do projeto de farmácias populares, uma maior atenção será dada às necessidade dos portadores de hipertensão e diabetes. Esse empenho servirá para ampliar o acesso dos pacientes a esses medicamentos. No Brasil vivem cerca de 16,8 milhões de hipertensos. Destes, 85% precisam de remédios. O subsídio amplia o acesso a sete medicamentos para 3,5 milhões de pacientes hipertensos. A diabetes atinge 3,9 milhões de brasileiros, sendo que, destes, cerca de 700 mil necessitam de tratamento com insulina. O SUS é responsável pelo atendimento de 70% desses pacientes. As unidades de farmácias populares vão disponibilizar o medicamento a todos os pacientes que atualmente o adquirem em farmácias privadas, ampliando o acesso à insulina para outros 30% de portadores de diabetes. A Farmácia Popular do Brasil será implantada juntamente com diversas outras estratégias complementares. Terá uma rede operada pela Fundação Oswaldo Cruz e desenvolverá um modelo a ser transferido a Estados e municípios que quiserem implantar programas semelhantes. As Santas Casas, os hospitais filantrópicos, os hospitais universitários e outros parceiros do SUS são convidados a aderir ao projeto. A operacionalização da Farmácia Popular do Brasil é um grande desafio, que merece o apoio de todos nós. Será preciso aperfeiçoá-la sempre mais, à medida que for sendo implantada nos municípios, tendo sempre, como meta única, o bem-estar do povo. Zilda Arns Neumann, 68, fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança, é conselheira titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e membro do Conselho de Segurança Alimentar. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Guilherme Afif Domingos: Só depende de vontade política Índice |
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