São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Os Três Poderes
"Preocupante a primeira manifestação do ilustre ministro presidente do STF, Nelson Jobim. Talvez seja a única do tipo no mundo democrático. A idéia de "colaboração" do Judiciário com o Executivo revela a origem parlamentar do ministro, que o faz confundir a interdependência com subordinação política a "metas" administrativas. A colocação segundo a qual pretende um entrosamento "democrático" entre os Três Poderes, ignorando o fato notório de um Executivo disposto a comprar consciências e um Legislativo ansioso por vendê-las, é fantasiosa. A Corte Suprema tem sua pauta tomada por questões geradas pelo acumpliciamento entre os dois Poderes referidos e, assim, a idéia exposta pelo ministro não poderá encontrar ressonância nos demais membros do STF." Homero Benedicto Ottoni Netto (Atibaia, SP)

Leão
"Renegando a promessa do presidente Lula, o ministro Palocci afirma que "não é possível corrigir a tabela de incidência do Imposto de Renda das pessoas físicas porque diminuiria a receita de impostos do Governo". Por acaso o ministro Palocci perguntou a mim e aos milhões de contribuintes do IR se nós podemos, a cada ano, cortar mais despesas de saúde, alimentação e educação para saciar um leão insaciável? Perguntou se nós podemos receber reajustes salariais abaixo da inflação admitida oficialmente? Perguntou se o povo prefere que o governo corte despesas inúteis -como o avião presidencial- ou aumente a carga de impostos? Os trabalhadores brasileiros exigem uma postura ética e respeitosa do PT."
Décio Luiz Gazzoni (Londrina, PR)

Soja
"Embora o presidente tenha dito, na China, que aquele país era um "shopping de oportunidades", não quis dizer que o governo chinês deveria comprar a soja envenenada brasileira. Vale aquele velho ditado: "O que não queremos para nós mesmos não devemos desejar (vender) aos outros". A China está certa ao ter impedido que navios carregados de soja envenenada fossem descarregados em seus portos."
Neuton Luiz Ramos de Melo (Formoso do Araguaia, TO)

Stálin
"Oscar Niemeyer que me perdoe, porém há um paradoxo em "Conversa fiada", artigo seu publicado ontem na Folha ("Tendências/Debates", pág. A3). Ao mesmo tempo em que o arquiteto acha a proposta de Marx e Engels "legítima e apaixonante", lamenta o relatório de Kruschev contra Stálin. Fosse outro e não Kruschev, o relatório deveria ser o mesmo acerca do líder sangrento. Ao tomar o poder, Stálin transformou-se e nem Lênin, líder primeiro da revolução, confiava nele. Não fosse por seu estado de saúde, na certa não permitiria as ações bárbaras cometidas pelo ditador. Trotsky foi banido e assassinado por ter idéias diferentes. Stálin resolvia as questões a seu bel-prazer. Essa foi uma conversa arquitetada, muito mais do que fiada."
Modesta Trindade Theodoro (Belo Horizonte, MG)

Poder de polícia
"De todas as mazelas pelas quais o Brasil definha, julgo a corrupção a mais devastadora. O país necessita que a Polícia Federal e o Ministério Público tenham independência e autonomia para cumprir a importante missão de reduzir a níveis normais de Primeiro Mundo a obstinada capacidade de corrupção no Brasil. Constantemente afloram casos escabrosos de usurpação do erário -o que é, por outro lado, um indicador de eficiência da nossa PF e do nosso MP. Alguns empresários, políticos, magistrados, autoridades policiais e membros de outras classes influentes estão incomodados com a atuação do braço coercitivo do Estado. O mau precisa ser debelado, e a Polícia Federal e o Ministério Público necessitam do nosso apoio."
Fernando Luis Coutinho Neves (Campinas, SP)

Cárcere
"Janio de Freitas foi extremamente lúcido em sua crônica de ontem ("Escola do crime", pág. A7). Encarcerando 190 seres humanos em instalações construídas para abrigar 30, o poder público demonstra a sua insensibilidade. Além de não reabilitar, consegue transformar simples delinqüentes em feras. Sardinhas são tratadas com mais dignidade, encerradas em suas latas."
Wilton José Guedes da Fonseca (Mairiporã, SP)

Tolerância zero
"Se começarmos a separar os presos de acordo com suas opções criminais, construindo presídios para a facção x aqui e para a facção y ali, logo eles vão querer escolher a cor dos prédios, os diretores dos presídios etc. Devemos ser intolerantes com a criminalidade; só assim teremos uma chance de moralizar nosso país. Por favor, eu peço um pouco de bom senso."
Adriano de Jesus M. Ferreira (Ribeirão Preto, SP)

Educação
"A Ação Educativa encontrou no artigo "Educação sem projeto" (Opinião, 17/ 5, pág. A2) uma série de distorções. O articulista José Serra escreve que o Brasil da segunda metade dos anos 90 fechou a "fábrica de analfabetos", já que atualmente 97% das crianças estão na escola. No entanto apenas o acesso à escola não garante a superação desse desafio. O que o articulista não discute é a grave situação da qualidade educacional retratada pelos resultados do Saeb, os quais apontam que, entre os anos de 1995 e 2001, houve uma queda sistemática na aprendizagem de matemática e português entre alunos da 4ª e 8ª séries. Além disso, é bastante questionável afirmar que a política de alfabetização de jovens e adultos hoje em curso tenha sido estruturada no governo Fernando Henrique. A gestão FHC abordou a problemática principalmente a partir do Programa Alfabetização Solidária -que não se configura como uma política de Estado."
Camilla Croso Silva, coordenadora do Observatório da Educação - Ação Educativa (São Paulo, SP)

Pesquisa
"É crítica a situação das universidades estaduais e federais, bem como a dos institutos de pesquisa. Aqui em São Paulo, os pesquisadores científicos e funcionários de apoio dos institutos Butantan, Adolfo Lutz, Pasteur, Agronômico de Campinas, Biológico, Botânico, Florestal e os demais regidos pelo regime de tempo integral estão em situação ainda mais precária, percebendo metade dos vencimentos dos colegas das universidades e empresas privadas. Resultado: evasão de técnicos e especialistas, paralisação de pesquisas, deterioração dos serviços prestados. No entanto não cogitamos greve nem paralisação de atendimento ao público; temos plena consciência de que o povo paulista está em situação ainda pior e necessita de nosso esforço e obstinação para a prestação de serviços. Continuamos trabalhando, na esperança de que a sensibilidade do governador apareça, junto com a melhoria das finanças do Estado."
Marcelo De Franco, pesquisador científico do Instituto Butantan (São Paulo, SP)

Ainda que tardia
"Será que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pode dizer o que Joseph Blatter, presidente da Fifa, e Ricardo Teixeira, presidente da CBF, fizeram pelo Estado para receberem a Ordem do Mérito da Inconfidência Mineira?"
Péricles Brez (São Paulo, SP)

Por amor
"Muito boa a matéria sobre os jogadores da seleção cubana de futebol que estão treinando no Rio ("Cuba joga pela pátria e por US$ 10", Esporte, 5/6). Ganhando apenas US$ 10 por mês, os cubanos jogam por amor, estudam, têm nível universitário e terão uma profissão quando pararem de jogar."
Renato Khair (São Paulo, SP)

Texto Anterior: Guilherme Afif Domingos: Só depende de vontade política

Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.