São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI Violência e inércia MUNIQUE - Ségolène Royal já era
uma estrela em ascensão na política
francesa há algum tempo. Agora,
ganhou farto espaço em jornais
globais.
Tudo porque, como pré-candidata à Presidência nas eleições de
2007, apresentou propostas para
enfrentar o problema da criminalidade juvenil consideradas bastante
duras, em se tratando de uma dirigente do Partido Socialista, tido
historicamente como brando demais nessa matéria.
No seu próprio partido, as idéias
causaram inquietação porque há
uma inércia intelectual pela qual se
delega à direita a dureza nessa
questão.
Como o Brasil tem problemas de
criminalidade (juvenil e adulta)
bem mais sérios do que a França,
convém dar pelo menos uma olhadinha nas propostas concretas dessa guinada -ou início de guinada-
da esquerda.
Primeiro, ela quer que os jovens
delinqüentes prestem algum tipo
de serviço civil, com o Exército, para lhes ensinar "disciplina". Quer
também que os pais desses jovens
freqüentem uma escola de pais, no
pressuposto de que cabe também a
eles pôr os filhos na linha. Por fim,
sugere que os jovens que cometem
crimes tenham congeladas as verbas que o Estado aloca para as famílias, verbas que, no caso francês, são
razoavelmente generosas.
Boas ou ruins, as propostas fogem do padrão de achar que os jovens que cometem delitos o fazem
só por falta de oportunidades.
No Brasil, o enfoque dos "coitadinhos" se justifica mais que na França porque o país há muito deixou de
ser a terra das oportunidades.
Seja como for, o crescimento da
violência pede, a gritos, idéias novas. As de Ségolène podem até ser
ruins, mas são melhores que a inércia que se vê no Brasil, como se o
problema fosse desaparecer se a
gente não falar dele.
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