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O risco da acefalia
FOI LONGE demais a disputa
por poder na Polícia Federal. Desde que se estabeleceu a incerteza sobre o futuro do
cargo de diretor-geral da instituição, uma batalha não declarada entre delegados graduados
cotados para suceder a Paulo Lacerda vem ameaçando a isenção
e a eficácia do trabalho policial.
No episódio mais dramático da
querela, o delegado-executivo da
PF, Zulmar Pimentel, segundo
na hierarquia, foi afastado do
cargo por decisão judicial, sob
suspeita de vazamento de informação sigilosa. Uma investigação levada a termo pela Diretoria
de Inteligência -cujo titular, Renato Porciúncula, é rival de Pimentel na disputa pela chefia da
PF- motivou o afastamento.
Desavenças internas existem,
em maior ou menor grau, nas
mais eficientes corporações policiais do mundo. A fim de que não
se transformem numa guerra
entre facções, é fundamental um
comando firme e inequívoco da
parte do poder político -que ao
mesmo tempo garanta autonomia para as investigações. Exatamente nesse ponto reside a falha
do governo Lula.
Na pasta da Justiça, o presidente optou por trocar um ministro relativamente distante da
máquina partidária (Márcio
Thomaz Bastos) por um militante (Tarso Genro). Com sua proverbial inapetência para decisões rápidas, Lula demorou mais
de seis meses, entre o anúncio da
saída de Bastos e a posse de Genro, para efetivar a transição.
O novo ministro, replicando a
lerdeza decisória que marca o
governo Lula, até ontem não havia deixado claro quem seria o diretor-geral da instituição, alimentando o cenário de incertezas no qual viceja a batalha entre
grupos rivais. Pressionado pela
escalada do conflito, Genro só
agora resolve dar sinais de que
manterá Paulo Lacerda no cargo.
Qualquer que seja a decisão,
deve ser tomada já.
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