São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Leia o Rossi, por favor

ROMA - Transfiro hoje a coluna para outro Rossi, o jurista e filósofo italiano Guido Rossi (nenhum parentesco, que eu saiba). Está lançando o livro "Porque filosofia", motivo pelo qual deu bela entrevista ao "La Repubblica".
A entrevista percorre diferentes temas, mas me limito, por motivos de espaço, às relações mercados/ Estado.
Diz: "A regulação não se adequou às novas dimensões dos mercados. (...) Basta pensar na crise alimentar, na emergência de uma nova fome mundial, que se discutiu estes dias na cúpula de Roma da FAO: não existem regras à altura da dimensão desta calamidade".
"[Calamidade] que coloca em questão as multinacionais da agroalimentação e da biogenética, os protecionismos supranacionais dos americanos e dos europeus, a estratégia energética, a financeirização do capitalismo, que invadiu até o [mercado] futuro dos gêneros alimentícios necessários para a sobrevivência."
"Enquanto os grandes poderes da economia se movem neste horizonte global, as autoridades públicas carecem de capacidade de projetar-se na mesma dimensão. Devemos começar pela Europa, com a construção, por exemplo, de uma verdadeira agência européia com poderes sobre os mercados financeiros do continente."
Espero que esse outro Rossi se sinta menos solitário ao dizer essas coisas, que são mero sentido comum, mas, ainda assim, estão marginalizadas da discussão. Mas temo que fale sozinho. Ele próprio diz, na entrevista, que "os filósofos de hoje se refugiam na metafísica, falando de um mundo que não existe; fogem de suas responsabilidades".
Será que ele conhece os filósofos brasileiros, parte dos quais, em vez da metafísica, se refugiou em teorias conspiratórias imbecis em vez de pensar esse mundo complicado que nos toca viver?


crossi@uol.com.br

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