|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Leia o Rossi, por favor
ROMA - Transfiro hoje a coluna
para outro Rossi, o jurista e filósofo
italiano Guido Rossi (nenhum parentesco, que eu saiba).
Está lançando o livro "Porque filosofia", motivo pelo qual deu bela
entrevista ao "La Repubblica".
A entrevista percorre diferentes
temas, mas me limito, por motivos
de espaço, às relações mercados/
Estado.
Diz: "A regulação não se adequou
às novas dimensões dos mercados.
(...) Basta pensar na crise alimentar,
na emergência de uma nova fome
mundial, que se discutiu estes dias
na cúpula de Roma da FAO: não
existem regras à altura da dimensão
desta calamidade".
"[Calamidade] que coloca em
questão as multinacionais da agroalimentação e da biogenética, os protecionismos supranacionais dos
americanos e dos europeus, a estratégia energética, a financeirização
do capitalismo, que invadiu até o
[mercado] futuro dos gêneros alimentícios necessários para a
sobrevivência."
"Enquanto os grandes poderes da
economia se movem neste horizonte global, as autoridades públicas
carecem de capacidade de projetar-se na mesma dimensão. Devemos
começar pela Europa, com a construção, por exemplo, de uma verdadeira agência européia com poderes sobre os mercados financeiros
do continente."
Espero que esse outro Rossi se
sinta menos solitário ao dizer essas
coisas, que são mero sentido comum, mas, ainda assim, estão marginalizadas da discussão.
Mas temo que fale sozinho. Ele
próprio diz, na entrevista, que "os
filósofos de hoje se refugiam na metafísica, falando de um mundo que
não existe; fogem de suas responsabilidades".
Será que ele conhece os filósofos
brasileiros, parte dos quais, em vez
da metafísica, se refugiou em teorias conspiratórias imbecis em vez
de pensar esse mundo complicado
que nos toca viver?
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Tensão na Argentina
Próximo Texto: Brasília - Melchiades Filho: A favorita Índice
|