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FERNANDO RODRIGUES
PT em transição
BRASÍLIA - Há uma feroz disputa
de poder dentro do PT. O elemento
vital responsável por amalgamar o
partido está de saída. Lula não será
candidato neste ano. Em 2011, deve
dar uma "sumida", como tem dito
aos mais próximos.
Quem vai de fato mandar no PT
pós-Lula? Ninguém sabe. Não há
um petista com poder comparável
ao exercido pelo hoje presidente
mais popular da história recente do
Brasil. Um imenso vácuo está em
processo de formação.
Para mensurar o poder de Lula
deve-se recapitular a construção da
candidatura de Dilma Rousseff.
Ninguém exceto ele teria condições
de apontar o dedo para alguém vindo do PDT como o nome mais apropriado para sucedê-lo.
Entre os petistas, o projeto Dilma
virou a candidatura da inevitabilidade. Só poderia ser ela. Mais recentemente, todos também passaram a acreditar na vitória da escolhida de Lula. A única dúvida no
partido do poder é sobre se a vitória
virá no primeiro ou no segundo turno. Assim, todos estão demarcando
território. Ninguém quer arriscar
entrar em 2011 em posição frágil ou
desfavorável.
Duas correntes claramente sobreviverão dentro do PT. Uma é a
do establishment partidário. Seu
representante oficial maior é José
Eduardo Dutra, presidente nacional da legenda. Mas há também o
ubíquo José Dirceu, uma fênix.
A outra facção é a dos herdeiros
do lulismo. Nessa categoria puxa a
fila o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Ele é Lula na campanha presidencial de Dilma Rousseff. Seu poder só faz crescer.
Por fim, há Dilma. Seu representante na política tem sido o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando
Pimentel -abalroado pelo caso do
suposto dossiê anti-PSDB. O episódio foi uma amostra grátis de como
será tortuoso o convívio da eventual futura presidente com seu partido e com a herança lulista. Até
porque, por enquanto, o dilmismo
ainda é apenas um neologismo.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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