|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARINA SILVA
De junho a junho
Em 9 de junho de 2008, há
105 artigos, estreei esta coluna
atendendo a honroso convite
da Folha. Durante dois anos,
compartilhei com os leitores
minhas opiniões, preocupações e dúvidas, dialogando sobre os acontecimentos do Brasil e do mundo. Agora me despeço, a três dias de minha indicação oficial como candidata à Presidência da República
pelo Partido Verde, em obediência à lei.
Agradeço à Folha por me
permitir a oportunidade semanal de expandir minhas atividades como senadora, e de me
dedicar a temas e análises
que, segundo meu entendimento, poderiam colaborar
para a troca de ideias e conhecimento, a razão de ser de uma
sociedade democrática. E é
também o cerne do espaço público, mesmo sob a pressão
permanente dos mais diversos
interesses para torná-lo um
território de privilégios, manipulações e excludências. Por
isso é importante valorizar a
postura da Folha e de outros
órgãos de comunicação de dar
vez à diversidade.
Agradeço também aos leitores que enriqueceram minha
experiência pessoal e pública,
com suas mensagens de crítica, carinho, apoio e sugestões,
ou mesmo puxando conversa
sobre a vida, o país, o futuro.
Lamento por nem sempre ter
podido responder detidamente a cada um e, de certa forma,
aproveito também para me
desculpar e pedir que entendam o curto espaço de tempo
para dar a merecida atenção.
Não foi fácil cumprir meu
compromisso. Em muitas ocasiões, principalmente devido
à agenda superlotada, fiquei
quase na linha do pênalti, mas
tenho a satisfação de não ter
falhado uma só vez.
No primeiro artigo, dizia
que boa parte do Estado brasileiro ainda via na política ambiental um mal necessário. E
que setores econômicos atrasados, "saudosistas do tempo
da terra sem lei", pressionavam para desconstituir a legislação ambiental. Hoje, dois
anos depois, as ameaças continuam, cada vez mais graves,
num movimento coordenado
para acabar com o Código Florestal.
Dizia também que a sociedade exerce um papel político
extraordinário, de se mostrar
quando é necessário para fazer prevalecerem os valores
coletivos sobre os interesses
de ocasião. Ela acaba de mostrar essa força com o projeto
Ficha Limpa, que só se transformou em regra, ainda que
imperfeita, por meio da ação e
da pressão da sociedade.
Despeço-me desta coluna,
assim, reiterando minha convicção de que somente a militância civilizatória da sociedade poderá nos levar a outro patamar de desenvolvimento,
com justiça, respeito aos limites ambientais e aos direitos
humanos. E de que o debate
de ideias aberto, livre, diverso
e democrático é o caminho
que nos fará chegar lá.
contatomarinasilva@uol.com.br
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Em defesa da minhoca Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES Marco Vicenzino: O crescente papel internacional do Brasil Índice
|