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O PAÍS ESPERA
Já se vão mais de cinco meses de
seu segundo mandato, mas o presidente ainda não foi capaz de elaborar
uma "agenda positiva" para o país,
expressão que, de tão usada nos círculos governistas, já se torna um clichê. Registre-se, pois, que apenas os
escândalos e as revelações das CPIs
deste ano seriam suficientes para sugerir uma agenda importante de
transformação institucional.
Providências decerto foram tomadas, mas a conta-gotas, como aquelas relativas a normas do BC, por
exemplo. Há ainda muito a fazer, e
não apenas no sistema financeiro.
Demandam reformas ou mesmo medidas pontuais o sistema tributário e
a Justiça; falta vigor no encaminhamento de projetos como o da lei de
responsabilidade fiscal e a revisão da
lei dos partidos, pomposamente chamada de reforma política.
São temas, todos, que contam com
o apoio retórico do presidente. São
assuntos que, estritamente, diriam
respeito apenas ao Congresso. Sabe-se, porém, que este é majoritariamente governista; que essa coalizão,
seus partidos e as facções destes demonstram graus variados e em geral
conflitantes de compromisso com
cada uma dessas questões.
Tomadas, porém, precocemente
pela fúria sucessória, as principais
forças políticas não se mostram capazes de agir pela consolidação de
uma ampla agenda de mudanças. E o
presidente, por sua vez, acossado
por denúncias, se perde na negociação cotidiana e tópica que lhe é imposta pelos partidos. Se houvesse
governo e base política confiáveis, o
país poderia estar agora consolidando um grande ciclo de reformas.
Mas, sem acordo político, sem liderança firme, a guerrilha palaciana
predomina e a inércia torna-se cada
vez mais rotineira. O país, enquanto
isso, espera, com instituições precárias, com seu ajuste econômico instável, sua perspectiva de crescimento
incerta -todos assuntos pendentes,
a depender de um duvidoso compromisso da elite política com a busca de
solução dos problemas nacionais.
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