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MÃES QUE MORREM À TOA
Aumentou o número de mulheres
mortas em decorrência de problemas
na gravidez na cidade de São Paulo. A
extensão do problema pode ser aferida pelo fato de que a mortalidade
paulistana é dez vezes superior à registrada na União Européia. Mas é
provável que não exista nenhum indicador social favorável ao Brasil
-ou mesmo a São Paulo- quando
confrontado com aqueles de países
ricos. Não é motivo para consolo. As
mortes devido a complicações na
gestação poderiam ser reduzidas por
meio de providências viáveis mesmo
em meio à pobreza brasileira.
Está se falando precisamente de
medicina preventiva elementar, ou
da falta dela. Exemplo revoltante: a
pressão alta na gravidez é a principal
causa da mortalidade materna (cerca
de 15% dos casos), mas a verificação
da pressão arterial durante os exames pré-natais não é procedimento
usual em muitos dos hospitais.
Pior, dados do Ministério da Saúde
apontam que as gestantes brasileiras
fazem em média menos de dois exames pré-natais, contra uma recomendação mínima de três e um ideal
de seis consultas. Outra estatística,
desta vez da Sociedade Civil de
Bem-Estar Familiar, mostra que, no
ano de 96, 32% das mulheres grávidas não fizeram nenhum pré-natal,
índice que sobe para alarmantes 43%
entre as mulheres mais pobres.
Soma-se a isso outro problema. Estima-se que cerca de 20% das gestantes paulistanas perambulem por dois
ou até mais hospitais antes de encontrar um leito para dar à luz. Não há,
oficialmente, falta de vagas de maternidade em São Paulo, mas sim distribuição falha, além de descaso de
hospitais ou despreparo de profissionais de saúde no atendimento às
gestantes, pobres sobretudo.
Especialistas afirmam que a diminuição dessa tragédia depende menos de investimentos do que de atendimento de melhor qualidade. Bons
exames, e suficientes, decerto não
substituem saneamento, educação e
comida decentes, mas já podem fazer
muito pela saúde feminina.
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