São Paulo, segunda, 7 de julho de 1997.



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AIDS E IRRESPONSABILIDADE


É preocupante a notícia de que vem aumentando o número de casos de brasileiros que estão praticando sexo sem camisinha e depois procuram clínicas de infectologistas para tomar o chamado coquetel anti-HIV.
Os importantes avanços verificados nos últimos anos no combate à moléstia não podem de maneira alguma estimular esse comportamento irresponsável. A prevenção ainda é a principal forma de evitar a doença.
As novas drogas, por mais promissores que venham a ser os seus efeitos, são ainda experimentais (não se sabe ao certo por quanto tempo conseguem "driblar" o vírus), além de extremamente tóxicas e caras (cerca de R$ 1.500 por mês de tratamento).
Se o procedimento profilático com o coquetel é recomendado em alguns poucos casos (profissionais de saúde que se contaminam com sangue infectado ou o rompimento acidental da camisinha quando um dos parceiros é soropositivo), é preciso lembrar que essas são situações em que o risco é alto e previsível. Ademais, nessas eventualidades há sempre uma supervisão médica e o paciente, em tese, está menos sujeito a se infectar novamente, o que não ocorre no comportamento de risco.
O sexo inseguro representa uma aventura potencialmente mortal para o praticante e seus parceiros, bem como um grave problema de saúde pública. Praticá-lo, esperando que o coquetel impeça a contaminação, é um equívoco. De cada quatro pessoas que tomam o coquetel, pelo menos uma desenvolve complicações indesejáveis devidas aos efeitos colaterais. Mais grave, porém, é o fato de o uso descontrolado dos medicamentos levar ao surgimento de cepas do vírus resistente às drogas. Seria como que inutilizar a arma mais eficaz que se desenvolveu contra o HIV.
É fundamental que os avanços na luta contra a Aids, em período de tempo relativamente curto, não conduzam à perigosa crença de que a doença deixou de ser um problema.






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