São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Democracia na linha

O primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874-1965) disse em 1947 que a democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras já experimentadas. Não há alternativa, portanto, senão aperfeiçoá-la -e, para isso, a comunicação pela internet pode dar uma contribuição relevante.
Um exemplo inovador vem da remota Islândia, onde a nova Constituição do país está sendo escrita com a colaboração de todos os cidadãos, por meio de consultas, comentários e críticas feitos principalmente por meio das chamadas redes sociais.
Ilha ao norte da Europa, com 318 mil habitantes, a Islândia serve como laboratório do que pode revelar-se o futuro da participação política. Quase 100% dos cidadãos, com bom nível de instrução, estão conectados à internet, e dois terços integram redes de relacionamento.
A atual Constituição data de 1944, quando o país tornou-se uma República independente da Dinamarca. Repetia a Carta do antigo aliado, com pequenas modificações. Depois da crise financeira global de 2008, que na prática quebrou a Islândia, iniciou-se o debate sobre a nova Constituição.
Uma comissão constitucional formada por 25 eleitos submete novos artigos a avaliação toda semana nos canais da internet. Reuniões são transmitidas ao vivo. Os trabalhos começaram em abril e devem terminar no fim deste mês.
Não são poucas as dificuldades de replicar a experiência islandesa, num país com o tamanho e as complexidades do Brasil. Aqui, apenas cerca de 30% da população está conectada. O plano do governo para universalizar o acesso à internet ainda engatinha.
Contudo é inegável que a internet já ampliou de modo inquestionável os meios para informação e interação. Notícias atravessam o mundo em segundos; relacionamentos e reputações se fortalecem ou se desfazem em alguns cliques; quantias assombrosas mudam de mãos em transações instantâneas.
Velocidade, porém, não implica profundidade. É uma questão de tempo para que esse potencial de comunicação venha a afetar o modo como os cidadãos exercem direitos e expressam vontades, mas regras e disciplina continuarão decisivas para que tanto debate não degenere em algaravia.


Texto Anterior: Editoriais: Ministério dos desvios
Próximo Texto: Frankfurt - Clóvis Rossi: Sombras
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.