|
Próximo Texto | Índice
Motores para 2007
Fatores, como o gasto público, que estimulam a atividade econômica em 2006 devem perder força no ano que vem
A ECONOMIA brasileira
prosseguiu em expansão nos últimos meses,
mas a um ritmo inferior ao do trimestre inicial do
ano. É o que sugerem os resultados de diversos indicadores de
atividade econômica, com destaque para a Pesquisa Industrial
Mensal (PIM), do IBGE, cujo levantamento relativo a junho foi
divulgado na sexta-feira.
A PIM apurou que a produção
da indústria caiu 1,7% entre maio
e junho, retornando ao nível de
abril (descontadas as influências
sazonais sobre os resultados).
Com isso, a indústria -que havia
sido a grande responsável pela
aceleração do PIB na passagem
do trimestre final de 2005 para
os três primeiros meses de
2006- fechou o trimestre com
alta de apenas 0,5% (contra 1%
no período anterior).
É verdade que alguns fatores
pontuais prejudicaram o desempenho da indústria em junho
-como a realização de três jogos
do Brasil na Copa do Mundo em
dias úteis. Mas essas influências
eram conhecidas, e ainda assim o
resultado ficou bastante aquém
do que esperavam os analistas.
Decerto o resultado adverso de
junho não deve ser visto como
indicativo de que foi interrompida a tendência de crescimento da
indústria e do PIB. Várias informações parciais relativas a julho
-como os dados de produção de
automóveis da Anfavea - mostram clara expansão da atividade. Ainda assim, os números decepcionantes da PIM se somam a
outras evidências enquanto alerta para as fragilidades do atual
crescimento da economia.
Uma dessas fragilidades diz
respeito à inversão da contribuição do comércio exterior para o
crescimento da economia: de
importante fator de expansão, o
setor externo se converteu, já no
início de 2006, em elemento a
trazer contribuição negativa para a variação do PIB -reflexo do
fato de que a alta das importações supera amplamente a expansão das exportações.
Dada a marcante valorização
pela qual o real já passou e a ausência de uma perspectiva de reversão desse processo, não há
por que supor que essa tendência
a que o comércio exterior tenha
efeito limitador sobre o crescimento da economia deixará de
estar presente no restante deste
ano e mesmo no próximo.
É também incômodo constatar
que a elevação da receita gerada
pelas exportações tem se baseado bem mais na evolução favorável dos preços do que no aumento da quantidade exportada. O
volume de bens exportados aumentou apenas 2% no primeiro
semestre -uma taxa modesta,
inferior à média mundial e indicativa, portanto, de perda de espaço dos produtos brasileiros no
mercado mundial.
Olhando à frente, além da perda de ímpeto do comércio exterior, preocupa a perspectiva de
que em 2007 percam força fatores específicos que têm dado impulso à atividade econômica em
2006. Um exemplo é o reajuste
do salário mínimo, que dadas as
restrições fiscais dificilmente será tão "generoso" como foi neste
ano. Outro exemplo são as despesas públicas, que foram aceleradas em 2006 e muito provavelmente retrocederão em 2007.
Próximo Texto: Editoriais: Querela da biodiversidade Índice
|