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CESAR MAIA
A crise de 2011
Já é consensual que o ano
de 2011 não será parecido com
o ano eleitoral de 2010. A favor
do atual governo, lembre-se o
governo anterior em 1998, ano
de eleição. Nos dois casos, cenas explícitas de populismo
cambial e populismo fiscal.
Essa combinação do real sobrevalorizado, juros reais baixos, deficit externo explosivo,
deficit público nominal crescente e dívida pública bruta
em relação ao PIB em nível recorde não é sustentável. A
conta terá que ser paga, claro,
com menor crescimento da
economia em 2011 e maior desemprego.
O vetor resultante é um só:
vença quem vencer a eleição,
haverá um freio de arrumação
por parte do governo, em 2011.
Pode-se pensar em seus desdobramentos econômicos.
Mas há outros que exigiriam
que o atual governo e os candidatos a presidente assumissem ainda em campanha.
Trata-se da Copa do Mundo
de 2014 e da Olimpíada de
2016. O calendário desses
grandes eventos avança. O
tempo efetivo para as obras
chega ao limite. Das 12 subsedes da Copa de 2014, as obras
só começaram para valer em
um estádio. E, em maio de
2013, pelo menos cinco deverão estar prontos para a Copa
das Confederações.
O Maracanã, imprescindível para 2013, ainda se encontra em fase de licitação. O estádio de SP nem se sabe onde será ou se será. Um estádio desses num país com previsibilidade de obras e financeira não
leva menos de dois anos e
meio. Começando em 2011, o
limite já está alcançado para
2013. E sem garantia de fluxo
financeiro.
Aqui, os recursos serão públicos federais. E o freio de arrumação exigirá um fluxo
muito mais complexo de liberações. Ou os Estados têm como adiantar os recursos para
garantir o cronograma ou esse
não será cumprido. Entre a
medição de uma etapa de obra
e a liberação por um banco estatal, lá se vão 45 dias.
Mais grave a Olimpíada de
2016, pois para esta não há jeitinho. Nenhuma obra urbana
imprescindível começou.
O trecho do metrô da zona
sul já não ficará pronto até
maio de 2016. O corredor Barra-Zona Norte, uma obra de
quatro anos e meio, da mesma
forma. E ambos contam com
parte substancial de recursos
federais.
Da mesma forma, o parque
olímpico onde serão construídos novos equipamentos esportivos só estará liberado
após a relocalização do autódromo. As vilas, olímpica, de
jornalistas e do COI, que no total abrigarão cinco vezes mais
que a Vila do Pan, nem sequer
têm localizações definidas,
menos ainda a modelagem.
Exigirão, mais uma vez, recursos federais. Ou as autoridades estaduais, esportivas e
federais incluem o ano atípico
de 2011 em seus planos, ou poderemos todos, ter surpresas
desagradáveis.
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta
coluna.
cesar.maia@uol.com.br
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