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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Resultados concretos
"Sou formando em uma universidade particular do vale do Paraíba, no Estado de São Paulo.
Neste ano, participei do provão e posso garantir que, antes de esse sistema de avaliação ser instituído, nunca havia observado a realização de tantos investimentos por parte da universidade em que estudo para melhorar a qualidade de ensino.
Não vejo motivo para que se deixe de avaliar as universidades do país -e reprová-las caso não apresentem resultados satisfatórios.
É inconcebível que se altere esse sistema de avaliação e que se deixe de aplicar notas aos cursos superiores, pois essa prática tem apresentado resultados reais e concretos -algo difícil neste país."
Rodrigo E. Fontes (Taubaté, SP)

Remodelação
"Em relação ao artigo "O impacto socioeconômico da Unesp" ("Tendências/ Debates", pág. A3, 2/9), do reitor da Unesp, José Carlos Souza Trindade, gostaria de dizer, como estudante do ensino público superior brasileiro, que considero imprescindível a remodelação e a valorização do ensino no Brasil em toda a sua amplitude. Realizar apenas uma expansão de vagas como a que ocorre na Unesp e acreditar que assim estamos avançando é difícil.
É uma afronta àqueles que realmente lutam por um ensino de qualidade e desejam uma sociedade que progrida no Brasil conhecer a realidade dessa universidade e observar as recentes greves, o déficit de professores, o descaso para com a assistência estudantil e para com a estrutura pessoal e material ali existentes e, ainda assim, ver o senhor Trindade vangloriar-se de sua "expansão"."
Paulo Eduardo dos Santos Massoca, coordenador do diretório acadêmico da agronomia e engenharia florestal do campus de Botucatu (Botucatu, SP)

Educação e ensino
"A carta da professora Hercídia Mara Facuri Coelho ("Painel do Leitor", pág. A3, 5/9) evidencia a confusão entre avaliação e prova, educação e ensino, aprendizagem e desempenho, formação e rendimento, sociedade e mercado etc., que são temas estudados pelos pesquisadores em educação com base em perspectivas teóricas recentes. A referida professora afirmou que, ao eliminar o ENC (leia-se provão), o governo "pode destruir a única ferramenta de que a sociedade dispõe para avaliar o ensino superior".
Isso revela o desconhecimento da literatura educacional mais recente usada como embasamento do projeto Sinaes. O significado de avaliação não pode ser confundido com uma prova (ou provão). Pela primeira vez temos a possibilidade de construir um projeto de avaliação da educação superior apoiado em pesquisas e baseado em ampla consulta à sociedade e aos especialistas da área, oportunidade esta negada pelos executores da proposta anterior."
Márcia Regina F. de Brito, professora titular da Faculdade de Educação da Unicamp (Campinas, SP)

Difícil escolha
"Aquilo que o Parlamento palestino está decidindo não é se o premiê Abu Mazen fica ou sai, mas, sim, se a Autoridade Palestina fará ou não algo para desmantelar a estrutura do terror que se estabeleceu nas áreas sob seu controle.
A hora exige que palestinos escolham entre ter o seu Estado ou sediar grupos terroristas. E essa escolha não parece estar sendo nada fácil."
Jorge A. Nurkin (São Paulo, SP)

Filosofia
"Logo ele, o professor José Arthur Giannotti, questionar se ainda há em Adorno e seus sucessores "potencial crítico" ("Adorno sem ornamentos", caderno Mais!, 31/8), é algo de estranhar, uma vez que já é, desde há muito, de conhecimento público que, para o dito professor, nada mais há que mereça crítica.
Afinal, após sua brilhante contribuição ao governo passado, após criticar Robert Kurz com argumentos que se rebaixam ao nível do salário mínimo ("Lógica da emancipação", caderno Mais!, 17/12/95) e após afirmar sua crença na renovação do capitalismo ("Fetiche na razão", caderno Mais!, 15/6/03), não causa espanto que tenha retrocedido a Weber em seu último artigo.
Talvez no próximo texto ele defenda o Estado absolutista, o que, aliás, no atual estado de coisas, seria bastante plausível para um intelectual tão preocupado com a "eficácia prática dos pensamentos" e tão bem engajado na administração estatal da crise.
Sua magnífica intimidade com os "jogos de linguagem", no caso matemáticos, e sua auto-intitulada familiaridade com as ciências formais seriam mais úteis para um curso de "modelos de matemática financeira para mercados emergentes à beira do colapso".
Mas, em se tratando de Adorno, da próxima vez o professor Giannotti poderia nos fazer o favor de ir cultivar tubérculos."
Caio Roberto Bourg de Mello (São Paulo, SP)

Só fiscalizar
"A chiadeira por parte do PSDB é geral.
Ora Arthur Virgílio, ora José Aníbal, ora Jutahy Júnior choram mais que bezerros na desmama. Esse trololó está passando dos limites.
Agora estão reclamando do PT devido às nomeações políticas. O PSDB fez exatamente igual quando esteve no governo. Na natureza, os estranhos no ninho sempre são rejeitados.
É de bom alvitre que o perdedor reconheça que não está mais no poder e faça somente fiscalizar, e não chorar.
Tomem o exemplo do ilustre José Serra, que está quietinho em seu lugar, amargando a sua derrota com dignidade e respeito.
O PT poderia até chamar José Serra para ser membro do partido, pois, na eleição passada, ele foi traído por companheiros do PSDB."
Antonio Carlos Ribeiro (Tupã, SP)

ONU
"É claro que é injustificável e condenável, de qualquer ponto de vista, o atentado que vitimou o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello no Iraque.
Mas o lamentável episódio faz emergir uma questão que, a meu ver, continua merecendo reflexão e análise. Qual deveria ser, de fato, o papel da ONU após consumada uma agressão militar que ela própria desautorizou? Não deveria ela manifestar inequivocamente a sua posição contrária à invasão e, sobretudo, à atual ocupação do país invadido? Não deveria propor, em corte internacional, a aplicação das sanções cabíveis ao país invasor? Será que, de forma inversa, não estaria ela, com a sua instalação ostensiva no país ocupado ao lado da força invasora, homologando e legalizando a posteriori a agressão militar perpetrada contra a sua vontade?
A presença da ONU no Iraque, ainda que com o pretexto de ajudar na reconstrução do país, pode suscitar no povo iraquiano os mesmos sentimentos de repúdio e de ódio dedicados aos exércitos de ocupação."
Martônio Ribeiro (Ribeirão Preto, SP)

Entrevista
"Foi triste a entrevista do presidente do Supremo Tribunal Federal à "Veja".
O doutor Maurício Corrêa comportou-se como político em campanha, e não como magistrado. Aliás, o grande problema das nomeações para o STF é que elas são feitas mais por critérios políticos do que por critérios profissionais.
Um juiz do Supremo, assim como um general da ativa, pode ter sua própria ideologia política, mas não deve manifestá-la aos quatro ventos.
Na entrevista, justificando sua defesa para os privilégios (direitos?) nas aposentadorias da magistratura, Corrêa pediu para o Judiciário tratamento semelhante ao das Forças Armadas. Entretanto não soube manter a discrição e a disciplina dos militares, que fizeram suas reivindicações sem ameaçar greves ou a tomada de quartéis."
Luigi Petti (São Paulo, SP)


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