São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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Melhora discreta

PELO segundo ano consecutivo, o desmatamento na Amazônia recuou. De acordo com projeção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a queda entre os meses de agosto de 2005 e julho deste ano deve ser de 11% em relação ao período anterior.
O resultado pode em parte ser atribuído ao conjunto de políticas de comando e controle implementadas pelo governo nos últimos anos. As 13 operações conjuntas realizadas pela Polícia Federal e pelo Ibama desde 2003 e a criação de 194.404 quilômetros quadrados de unidades de conservação federais decerto contribuíram para conter o processo de desflorestamento.
São fortes os indícios, contudo, de que o desaquecimento do agronegócio atua como um fator de peso a contribuir para a redução no desflorestamento. Estudo divulgado por esta Folha detectou relação direta entre o cultivo da soja e o desmatamento.
A partir do cruzamento de imagens de satélite com levantamentos em campo, cientistas dos Estados Unidos e do Brasil estimaram em 5.400 quilômetros quadrados o total de floresta convertida diretamente para cultivo de grãos em Mato Grosso de 2001 a 2004. Em 2003, quando o preço da soja no mercado internacional atingiu seu patamar mais elevado, a conversão direta para lavoura representou cerca de um quarto de todo o desmatamento no Estado.
Ao contrário do que em geral afirmam os produtores, os dados mostram que a soja não ocupa apenas áreas previamente desmatadas para pastagem e abandonadas pelos pecuaristas. Ela também estimula o processo de desmatamento.
A política oficial para a Amazônia parece seguir em bom rumo. Mas seu teste de fogo apenas se dará, na verdade, quando houver uma recuperação no preço internacional da soja.


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