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Melhora discreta
PELO segundo ano consecutivo, o desmatamento na
Amazônia recuou. De acordo com projeção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), a queda entre os meses de
agosto de 2005 e julho deste ano
deve ser de 11% em relação ao período anterior.
O resultado pode em parte ser
atribuído ao conjunto de políticas de comando e controle implementadas pelo governo nos
últimos anos. As 13 operações
conjuntas realizadas pela Polícia
Federal e pelo Ibama desde 2003
e a criação de 194.404 quilômetros quadrados de unidades de
conservação federais decerto
contribuíram para conter o processo de desflorestamento.
São fortes os indícios, contudo,
de que o desaquecimento do
agronegócio atua como um fator
de peso a contribuir para a redução no desflorestamento. Estudo
divulgado por esta Folha detectou relação direta entre o cultivo
da soja e o desmatamento.
A partir do cruzamento de
imagens de satélite com levantamentos em campo, cientistas
dos Estados Unidos e do Brasil
estimaram em 5.400 quilômetros quadrados o total de floresta
convertida diretamente para
cultivo de grãos em Mato Grosso
de 2001 a 2004. Em 2003, quando o preço da soja no mercado
internacional atingiu seu patamar mais elevado, a conversão
direta para lavoura representou
cerca de um quarto de todo o
desmatamento no Estado.
Ao contrário do que em geral
afirmam os produtores, os dados
mostram que a soja não ocupa
apenas áreas previamente desmatadas para pastagem e abandonadas pelos pecuaristas. Ela
também estimula o processo de
desmatamento.
A política oficial para a Amazônia parece seguir em bom rumo.
Mas seu teste de fogo apenas se
dará, na verdade, quando houver
uma recuperação no preço internacional da soja.
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