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ELIANE CANTANHÊDE
Sobrevida do Congresso
BRASÍLIA - Nos dias 14 e 15 de fevereiro, durante a longa e traumatizante eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara, levei um susto ao olhar o plenário e
descobrir que os deputados eram
velhos conhecidos por falcatruas ou
ilustres desconhecidos.
Na época, João Paulo Cunha (PT)
presidia a Câmara. Roberto Jefferson era presidente do PTB, Valdemar da Costa Neto, do PL, Pedro
Corrêa, do PP, e José Genoino, do
PT. Sem comparar Genoino com os
demais, porque seria injusto, o fato
é que todos eles acabaram atropelados pelo mensalão.
Os líderes eram, entre outros, José Borba (PMDB), José Janene
(PP), Sandro Mabel (PL). E eles, da
turma dos "velhos conhecidos", estavam também metidos até a alma
com o mensalão. Sem surpresa.
A eleição de Severino teve tudo a
ver com o fundo do poço, onde já
chafurdavam as dezenas de "sanguessugas" descobertas mais adiante. A exposição de toda aquela gente
no plenário foi marcante.
Tão marcante como foi a da última terça-feira, mas ao contrário.
Com as cassações e renúncias (apesar de poucas), e as denúncias (muitas) contra os deputados, atingindo
um quarto do Congresso, o perfil do
plenário mudou. Os culpados e suspeitos evaporaram.
Na presidência, Aldo Rebelo (PC
do B). Nas articulações, pressões e
comemorações, gente como Fernando Gabeira (PV), Ivan Valente e
João Alfredo (PSOL), Rodrigo Maia
(PFL), José Eduardo Cardozo e Antonio Carlos Biscaia (PT), Jutahy
Magalhães (PSDB), Júlio Delgado
(PSB) e Roberto Freire (PPS).
Eles estavam ali para aprovar o
voto aberto, transparente, no Congresso, nas Assembléias e nas Câmaras. E para mostrar que não são
"todos iguais", que há vida no Congresso depois de mensaleiros e sanguessugas e que "a esperança é a última que morre". Depende do eleitor escolher entre aqueles e estes.
elianec@uol.com.br
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