São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Energia e pessoal qualificado

APESAR DOS seus crônicos problemas, o Brasil retomou o rumo do crescimento. Tudo indica que vamos chegar perto dos 5% neste ano, ou até ultrapassar. É o resultado da combinação das nossas potencialidades com a ativação das demandas interna e externa. Toda vez que o crescimento dispara, o Brasil enfrenta dois problemas: falta de energia e falta de pessoal qualificado. São motivos de preocupação nesta nova fase da economia.
A falta da energia não é para já, mas está com data marcada: possivelmente em 2010 ou 2011. Para os improvisadores, isso está longe e tudo pode ser corrigido com medidas de emergência. Para os profissionais do setor, entretanto, soluções improvisadas não resolvem esse tipo de escassez, que exige investimentos contínuos em projetos de maturação lenta.
O Brasil é um país privilegiado ao dispor de tantas fontes limpas de energia e, ainda assim, não toma as providências na hora certa, o que coloca em risco o crescimento econômico e o progresso social.
No campo do trabalho, os primeiros sinais da falta de qualificação já apareceram. Vários setores enfrentam uma enorme dificuldade para contratar pessoal. As áreas mais críticas -mas não exclusivas- são as da petroquímica, química, eletrônica, veículos, agroindústria, em especial o setor sucroalcooleiro, e serviços especializados.
A falta de mão-de-obra qualificada está ligada à escassez de cursos de formação profissional -o sistema S faz um excelente trabalho, mas é pouco- e também à má qualidade da educação em geral, problema que carregamos há vários anos.
Os brasileiros que têm mais de dez anos de idade possuem, em média, só 6,7 anos de escola -e má escola. Isso é muito pouco para atender as necessidades da economia moderna, que está cada vez mais sofisticada no uso de tecnologias e sistemas de produção. E não atende, tampouco, as necessidades dos cidadãos que precisam do trabalho para construir suas famílias.
A natureza do problema é a mesma. Como no caso da energia, os investimentos em educação foram escassos e mal direcionados. Ou seja, os problemas não podem ser resolvidos por programas de emergência.
Energia e educação são áreas de longa maturação, que exigem investimentos contínuos e de alta qualidade.
Para não repetir os erros do passado, precisamos agir rápido, ter muito foco e, sobretudo, garantir a continuidade dos investimentos nos próximos dez ou 15 anos. Sem continuidade, não há perspectiva de longo prazo. Não podemos perder a excelente oportunidade que se abriu para todos nós.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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