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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Energia e pessoal qualificado
APESAR DOS seus crônicos
problemas, o Brasil retomou o rumo do crescimento. Tudo indica que vamos chegar
perto dos 5% neste ano, ou até ultrapassar. É o resultado da combinação das nossas potencialidades
com a ativação das demandas interna e externa.
Toda vez que o crescimento dispara, o Brasil enfrenta dois problemas: falta de energia e falta de pessoal qualificado. São motivos de
preocupação nesta nova fase da
economia.
A falta da energia não é para já,
mas está com data marcada: possivelmente em 2010 ou 2011. Para os
improvisadores, isso está longe e
tudo pode ser corrigido com medidas de emergência. Para os profissionais do setor, entretanto, soluções improvisadas não resolvem
esse tipo de escassez, que exige investimentos contínuos em projetos de maturação lenta.
O Brasil é um país privilegiado ao
dispor de tantas fontes limpas de
energia e, ainda assim, não toma as
providências na hora certa, o que
coloca em risco o crescimento econômico e o progresso social.
No campo do trabalho, os primeiros sinais da falta de qualificação já apareceram. Vários setores
enfrentam uma enorme dificuldade para contratar pessoal. As áreas
mais críticas -mas não exclusivas- são as da petroquímica, química, eletrônica, veículos, agroindústria, em especial o setor sucroalcooleiro, e serviços especializados.
A falta de mão-de-obra qualificada está ligada à escassez de cursos
de formação profissional -o sistema S faz um excelente trabalho,
mas é pouco- e também à má qualidade da educação em geral, problema que carregamos há vários
anos.
Os brasileiros que têm mais de
dez anos de idade possuem, em
média, só 6,7 anos de escola -e má
escola. Isso é muito pouco para
atender as necessidades da economia moderna, que está cada vez
mais sofisticada no uso de tecnologias e sistemas de produção. E não
atende, tampouco, as necessidades
dos cidadãos que precisam do trabalho para construir suas famílias.
A natureza do problema é a mesma. Como no caso da energia, os investimentos em educação foram
escassos e mal direcionados. Ou seja, os problemas não podem ser resolvidos por programas de emergência.
Energia e educação são
áreas de longa maturação, que exigem investimentos contínuos e de
alta qualidade.
Para não repetir os erros do passado, precisamos agir rápido, ter
muito foco e, sobretudo, garantir a
continuidade dos investimentos
nos próximos dez ou 15 anos. Sem
continuidade, não há perspectiva
de longo prazo. Não podemos perder a excelente oportunidade que
se abriu para todos nós.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
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