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Um degrau abaixo
Com Europa no centro da tempestade financeira, governo Lula toma medida sensata para assegurar exportações
CRISES SISTÊMICAS têm a
capacidade intrínseca
de alastrar-se e agravar-se progressivamente. As
fortes quedas em cadeia nos
mercados acionários desta segunda-feira marcaram o momento em que a desconfiança sobre toda a rede financeira européia atingiu seu clímax. Uma segunda onda de choque foi desferida contra países que, como
Rússia e Brasil, são grandes exportadores de produtos básicos,
as chamadas commodities.
A incapacidade das autoridades européias de articular um
plano conjunto para prevenir
corridas bancárias no continente
cobrou seu preço. Após uma reunião de cúpula improdutiva, no
sábado em Paris, o governo alemão tomou uma medida unilateral e garantiu a totalidade dos depósitos bancários no país.
Foi a senha que fez disparar a
desconfiança generalizada sobre
nações européias que não propiciam a mesma segurança. Cidadãos dirigindo-se a caixas eletrônicos para sacar recursos produziram apenas as cenas mais visíveis e dramáticas de uma debandada para a qual já se preparavam grandes gestores de recursos que operam no continente.
O pânico na Europa também
estimulou resgate maciço de
fundos especulativos que aplicam em papéis e nações relacionados a commodities metálicas,
energéticas e agrícolas. A liquidação atingiu o Brasil, onde a Bovespa chegou a cair 15% e teve o
pregão suspenso duas vezes por
excesso de perdas, que fecharam
o dia em 5,4%. Na Rússia, a Bolsa
despencou 19,4%, no dia em que
o petróleo caiu para sua menor
cotação desde fevereiro.
Enquanto isso, nos EUA, o Fed
(banco central) anunciou um novo aumento, para US$ 900 bilhões, nas linhas de recursos
emergenciais oferecidas aos
bancos, em meio à paralisia generalizada dos empréstimos interbancários. O governo americano também estuda a possibilidade de atuar diretamente no
mercado de notas promissórias,
a fim de evitar a asfixia nos empréstimos ao setor produtivo.
No Brasil, o governo Lula finalmente ofereceu uma resposta de
maior qualidade para o esgarçamento do crédito a exportadores. Vai deslocar uma parte das
reservas internacionais do Banco Central para essa finalidade, o
que trará benefícios ao país, ao
evitar o estrangulamento da entrada de dólares oriundos das exportações, numa conjuntura em
que esse fluxo será crucial.
Outra medida que as autoridades brasileiras deveriam considerar é a participação do país numa cada vez mais provável diminuição, coordenada entre os
principais BCs do planeta, das
taxas de juros de curto prazo.
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