São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Editoriais

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2010 ainda está longe

AS URNAS confirmaram, neste primeiro turno, aqueles pontos para os quais convergiam análises políticas lastreadas nas últimas pesquisas de intenção de voto.
Sob o ângulo de 2010, os resultados foram positivos para José Serra (PSDB), embora não necessariamente impliquem dano à influência de Lula. O pleito municipal, porém, não se encaixa bem no figurino da polarização ideológica. Observou-se uma onda continuísta, em que surfaram prefeitos instalados em máquinas abastecidas. De 2004 a 2007, as capitais viram sua receita corrente crescer 47%, com o bom desempenho da economia e mudanças no ISS, como mostrou o jornal "Valor Econômico".
De 15 capitais em que houve definição neste primeiro turno, 13 consagraram candidatos à reeleição. Nas outras 11, sete recandidatos continuam no páreo.
A arrancada de Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo, ultrapassando Marta Suplicy (PT) em 52 mil votos, consolida a posição de Serra na principal base do PSDB. O governador não só se livra do adversário local, Geraldo Alckmin, como vê Kassab em condições de derrotar a candidata que Lula apoiou.
Serra pode dar-se por satisfeito, ainda, com a circunscrição do bom desempenho petista em capitais a Fortaleza, Recife, Palmas, Porto Velho, Rio Branco e Vitória. Demonstra que é incerta a transmutação do prestígio presidencial em votos nos centros de densidade eleitoral já governados pelo PT, como São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.
Na capital mineira saem chamuscados tanto o PT quanto outro presidenciável tucano, Aécio Neves. Contavam com a vitória no domingo de Márcio Lacerda (PSB), que agora terá de enfrentar Leonardo Quintão (PMDB).
Concluir daí que Lula e o PT perdem força para 2010 é precipitado. O partido elegeu o maior número de prefeitos no primeiro turno e se mantém no segundo em 15 das 29 cidades com nova rodada. Vai aumentar o número de prefeitos em todo o país.
O pleito presidencial, vale lembrar, está a longos dois anos de distância, e 2009 promete ser espinhoso para a economia e as contas públicas. Difícil para Lula e o PT, mas igualmente para todos que contam com as máquinas de governo para pavimentar o caminho do sucesso eleitoral.


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