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Editoriais
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Guerra de moedas
O volumoso fluxo de dólares para países emergentes é um fenômeno que decorre da política monetária expansionista adotada pelas economias avançadas para
combater a recessão. As taxas de
juros próximas de zero e o baixo
dinamismo dos negócios afugentam o capital para outros países,
em busca de melhor retorno.
Esse é o principal fator a pressionar pela valorização das divisas de países como Brasil, que são
destinatários de uma enxurrada
de dólares e, ao contrário da China, não exercem controle direto
sobre a taxa de câmbio. O real
muito valorizado reduz a competitividade das empresas, estimula
importações e ajuda a aumentar,
perigosamente, o deficit externo.
O ministro Guido Mantega, da
Fazenda, sintetizou o cenário ao
mencionar uma "guerra de moedas". Sabe-se que ela não será
vencida com a recente elevação
do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para 4%.
Trata-se, no entanto, de uma necessária tentativa de conter capitais em busca de investimentos de
curto prazo. Deverá surtir algum
efeito, embora insuficiente.
Há que se avaliar, nesse contexto, medidas adicionais, como o
aprofundamento das intervenções do governo no mercado cambial e até uma eventual quarentena para o capital externo, com retenção, por prazo determinado,
no Banco Central. São iniciativas
conhecidas, mas cuja adoção precisa ser estudada com cautela, já
que o país tem baixa poupança e
não pode perder recursos externos para seus investimentos.
O mais indicado seria imprimir
uma mudança de rumo na política
econômica, na direção de um
ajuste fiscal que permitisse a redução paulatina dos juros até a casa
de 2% ao ano em termos reais
(descontada a inflação). Todavia,
ainda que essa inflexão ocorresse,
o que só parece plausível depois
do desenlace eleitoral, os resultados não viriam de imediato.
Por ora, o melhor a fazer, além
de medidas como as citadas, é investir em soluções de âmbito global. É preciso pressionar a China a
deixar sua moeda desvalorizar e,
ao mesmo tempo, promover o debate acerca de uma nova configuração monetária mundial. A reunião anual do FMI, no fim da semana, e o encontro do G20, em novembro, são duas oportunidades
para discutir essa agenda.
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