São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2010

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Guerra de moedas

O volumoso fluxo de dólares para países emergentes é um fenômeno que decorre da política monetária expansionista adotada pelas economias avançadas para combater a recessão. As taxas de juros próximas de zero e o baixo dinamismo dos negócios afugentam o capital para outros países, em busca de melhor retorno.
Esse é o principal fator a pressionar pela valorização das divisas de países como Brasil, que são destinatários de uma enxurrada de dólares e, ao contrário da China, não exercem controle direto sobre a taxa de câmbio. O real muito valorizado reduz a competitividade das empresas, estimula importações e ajuda a aumentar, perigosamente, o deficit externo.
O ministro Guido Mantega, da Fazenda, sintetizou o cenário ao mencionar uma "guerra de moedas". Sabe-se que ela não será vencida com a recente elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para 4%. Trata-se, no entanto, de uma necessária tentativa de conter capitais em busca de investimentos de curto prazo. Deverá surtir algum efeito, embora insuficiente.
Há que se avaliar, nesse contexto, medidas adicionais, como o aprofundamento das intervenções do governo no mercado cambial e até uma eventual quarentena para o capital externo, com retenção, por prazo determinado, no Banco Central. São iniciativas conhecidas, mas cuja adoção precisa ser estudada com cautela, já que o país tem baixa poupança e não pode perder recursos externos para seus investimentos.
O mais indicado seria imprimir uma mudança de rumo na política econômica, na direção de um ajuste fiscal que permitisse a redução paulatina dos juros até a casa de 2% ao ano em termos reais (descontada a inflação). Todavia, ainda que essa inflexão ocorresse, o que só parece plausível depois do desenlace eleitoral, os resultados não viriam de imediato.
Por ora, o melhor a fazer, além de medidas como as citadas, é investir em soluções de âmbito global. É preciso pressionar a China a deixar sua moeda desvalorizar e, ao mesmo tempo, promover o debate acerca de uma nova configuração monetária mundial. A reunião anual do FMI, no fim da semana, e o encontro do G20, em novembro, são duas oportunidades para discutir essa agenda.


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