São Paulo, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003

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INFLAÇÃO E JUROS

Em seu discurso de posse, o novo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, procurou afastar qualquer dúvida com relação ao compromisso do governo em manter a taxa de inflação em patamares baixos. Afirmou também que o processo para atingir a meta de inflação poderá ser alongado para um período maior do que um ano.
Como esta Folha tem defendido, essa parece ser uma decisão acertada. O alongamento dos prazos para atingir a meta inflacionária possibilita maior flexibilidade na execução da política monetária. Nesse momento, a menor rigidez na implementação da política monetária dispensaria o Comitê de Política Monetária de promover novo aumento na taxa de juros básica em sua reunião de janeiro. Segundo o BC, empresas e consumidores já estão pagando taxas de juros médias de 49,5% ao ano. Os níveis de juros atuais também permitem os processos de arbitragem entre os juros internos e externos, que facilitam a entrada de capitais, aliviando as tensões no mercado cambial.
Além disso, os investidores internacionais emitem sinais que vão ampliar a exposição em ativos brasileiros. O Bradesco pretendia captar US$ 50 milhões em eurobônus, mas fechou a operação com o quíntuplo (US$ 250 milhões). A entrada de novos recursos possibilita a valorização do real e deve permitir uma menor oscilação da taxa de câmbio. O recuo do dólar deve consolidar também os movimentos de desaceleração nos índices de preços, que começarão a aparecer a partir de fevereiro. O mês de janeiro ainda deve sofrer diversas pressões pontuais, como matrículas escolares, pagamento de Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores, aumentos dos combustíveis e do transporte público.
Assim, a melhora nas expectativas e o alongamento dos prazos das metas devem facilitar a consecução do objetivo do BC de preservar a estabilidade monetária do país. Deve-se, portanto, ter cautela com os juros. Novos aumentos de juros básicos comprometerão ainda mais o consumo e o investimento.


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