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A MISSÃO
O governo de Luiz Inácio Lula
da Silva vem propondo uma
série de iniciativas que prevêem a
participação de militares. O Exército,
por exemplo, foi convocado para ajudar a combater a fome e para construir rodovias. A Marinha, por seu
turno, poderia contribuir para a melhoria da infra-estrutura do país com
a dragagem de portos e hidrovias.
A idéia de empregar as Forças Armadas nesse tipo de missão tem sua
lógica, principalmente num contexto em que o governo procura mobilizar as atenções da nação para o combate à fome. A utilização do Exército
ajuda a dar caráter cívico à questão.
Mas é preciso um certo cuidado antes de engajar os militares em diversas tarefas importantes para o país,
mas tipicamente civis. É preciso, em
primeiro lugar, que as Forças Armadas não percam o seu foco. Elas se
destinam, segundo a Constituição,
"à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa
de qualquer destes, da lei e da ordem". Nada impede que os militares
participem de ações sociais, desde
que, para isso, não descurem de seus
objetivos precípuos.
Existe, porém, uma outra discussão, mais de fundo, sobre o papel
dos militares, que ainda não foi suficientemente debatida. Há os que defendem, para o Brasil, Forças Armadas cada vez mais enxutas, profissionais e equipadas. Em oposição a esse
grupo, está o dos que consideram
que o país deve seguir com tropas
numerosas, formadas por cidadãos e
que marquem presença em todo o
território nacional. Ambas as concepções são defensáveis, tornando-se mais ou menos adequadas dependendo de um detalhamento maior
do papel institucional dos militares.
Vale registrar que as missões sociais que o governo Lula agora propõe para as Forças Armadas se enquadram melhor na segunda concepção, a do Exército mais numeroso e mais presente.
O Brasil só tem a ganhar se promover uma ampla discussão sobre a
missão das Forças Armadas.
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