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REFORÇAR AS RESERVAS
Vai na direção correta a decisão do Banco Central de aumentar seu volume de reservas cambiais, aproveitando o ingresso de dólares na economia. Embora a melhoria da liquidez internacional facilite a
retomada das captações externas
brasileiras e a superação da crise
cambial de 2002, a experiência mostra que esses movimentos podem
durar pouco. Além disso, o perfil do
endividamento externo brasileiro deteriorou-se nos últimos anos: caiu o
investimento estrangeiro direto e aumentaram os investimentos em carteira e os financiamentos em títulos e
empréstimos bancários.
Diante disso, a necessidade bruta
de financiamento externo (o resultado das transações correntes mais os
vencimentos de dívidas de longo e
curto prazo) tem permanecido acima do nível das reservas brasileiras
-o que contribui para o país continuar com cotação de risco nos rankings das agências de classificação.
No final do ano passado, as reservas líquidas atingiram US$ 17,3 bilhões. Foram adquiridos US$ 11,2 bilhões pelo Tesouro, mediante operações do Banco do Brasil, para honrar
compromissos no exterior. São números frágeis se comparados aos
dos países emergentes da Ásia. Em
dezembro de 2002, a China detinha
US$ 286 bilhões em reservas; a Coréia, US$ 121 bilhões; Taiwan, US$
162 bilhões; Cingapura, US$ 81 bilhões. O total asiático, incluindo o Japão, era de US$ 1,5 trilhão.
O processo de recomposição das
reservas deverá aumentar a demanda
doméstica por dólares, contendo a
tendência de valorização do real. Evitar uma taxa de câmbio que prejudique as exportações é um aspecto importante na necessária busca da redução da vulnerabilidade externa da
economia brasileira. O mercado parece ter entendido o movimento da
autoridade monetária e reagiu sem
sobressaltos. O dólar comercial caiu
levemente ontem.
É bom lembrar que, para adquirir
dólares no mercado, o BC precisará
emitir títulos para captar os reais utilizados na operação. Isso significa
aumento da dívida pública, o que torna ainda mais recomendável novas
reduções na taxa de juros.
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