São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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REFORÇAR AS RESERVAS

Vai na direção correta a decisão do Banco Central de aumentar seu volume de reservas cambiais, aproveitando o ingresso de dólares na economia. Embora a melhoria da liquidez internacional facilite a retomada das captações externas brasileiras e a superação da crise cambial de 2002, a experiência mostra que esses movimentos podem durar pouco. Além disso, o perfil do endividamento externo brasileiro deteriorou-se nos últimos anos: caiu o investimento estrangeiro direto e aumentaram os investimentos em carteira e os financiamentos em títulos e empréstimos bancários.
Diante disso, a necessidade bruta de financiamento externo (o resultado das transações correntes mais os vencimentos de dívidas de longo e curto prazo) tem permanecido acima do nível das reservas brasileiras -o que contribui para o país continuar com cotação de risco nos rankings das agências de classificação.
No final do ano passado, as reservas líquidas atingiram US$ 17,3 bilhões. Foram adquiridos US$ 11,2 bilhões pelo Tesouro, mediante operações do Banco do Brasil, para honrar compromissos no exterior. São números frágeis se comparados aos dos países emergentes da Ásia. Em dezembro de 2002, a China detinha US$ 286 bilhões em reservas; a Coréia, US$ 121 bilhões; Taiwan, US$ 162 bilhões; Cingapura, US$ 81 bilhões. O total asiático, incluindo o Japão, era de US$ 1,5 trilhão.
O processo de recomposição das reservas deverá aumentar a demanda doméstica por dólares, contendo a tendência de valorização do real. Evitar uma taxa de câmbio que prejudique as exportações é um aspecto importante na necessária busca da redução da vulnerabilidade externa da economia brasileira. O mercado parece ter entendido o movimento da autoridade monetária e reagiu sem sobressaltos. O dólar comercial caiu levemente ontem.
É bom lembrar que, para adquirir dólares no mercado, o BC precisará emitir títulos para captar os reais utilizados na operação. Isso significa aumento da dívida pública, o que torna ainda mais recomendável novas reduções na taxa de juros.


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