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POLÍTICA NA ANATEL
Seria um exagero afirmar que a
mudança promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é um desastre que só servirá para afugentar investidores do país -como chegaram a dizer alguns representantes da
oposição. Não há dúvida, porém, de
que a troca de comando renova as
apreensões acerca da visão do governo sobre o papel das agências.
Deve-se lembrar que o presidente
Lula iniciou seu mandato em atrito
com essas entidades, considerando-as, em razão da independência, uma
espécie de "governo terceirizado". A
seguir, esse discurso saiu de cena e
anunciou-se que as agências seriam
mantidas, mas com adaptações. Um
projeto foi levado à audiência pública, contendo aspectos positivos e outros discutíveis -o que o Congresso
terá a oportunidade de discutir.
Agora, com a inesperada substituição na Anatel, reforçou-se a idéia de
que o Planalto quer menos independência e mais identificação política
com a direção desses órgãos. O novo
presidente da agência, Pedro Jaime
Ziller, foi indicado pelo ministro das
Comunicações, Miro Teixeira. Substitui Luiz Guilherme Schymura, nomeado na gestão Fernando Henrique Cardoso e com bom trânsito entre representantes liberais do atual
governo na Fazenda e no Tesouro.
A imagem da "terceirização", antes
usada por Lula, poderia novamente
ser evocada -desta feita, porém, são
as propostas políticas do ministério
das Comunicações que estão sendo
transferidas para a Anatel. A maior
presença de posições governistas na
agência poderia, segundo se especula, facilitar a saída de Teixeira e a liberação da pasta para a reforma ministerial -caso em que estaríamos
diante de um perigoso processo de
politização no setor.
Certo é que o comportamento do
governo em relação às agências tem
sido tortuoso. É preciso que o novo
projeto seja logo votado pelo Congresso e que se consolide um ambiente de estabilidade regulatória.
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