São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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ACERTO DE BUSH

É bom o plano do presidente George W. Bush para facilitar a entrada de imigrantes nos EUA e regularizar a situação dos trabalhadores estrangeiros que já se encontram ilegalmente no país. A proposta pode, certamente, ser tachada de eleitoreira, já que imigrantes serão um grupo-chave no pleito presidencial de novembro, mas isso não basta para reduzir os seus méritos.
Pelo projeto, estrangeiros que já cheguem aos EUA com uma proposta de emprego receberão visto temporário de trabalho. Fala-se em três anos renováveis por mais três. Quem já está ilegalmente no país poderá aderir ao novo programa.
Independentemente de interesses eleitorais, existem fatores econômicos a justificar o projeto da Casa Branca. Há estimados 8 milhões de ilegais hoje nos EUA. Se saírem das sombras, passarão a pagar impostos -o que hoje não fazem. Espera-se, também, que a legalização resulte em elevação da massa salarial, pois os ilegais trabalham por valores inferiores aos pagos aos legalizados.
Mais importante talvez seja o fato de que os EUA necessitam de trabalhadores estrangeiros para desempenhar tarefas que o norte-americano médio já não está disposto a fazer. Tanto é assim que a proposta não deixa de prever prioridade nos empregos para os cidadãos americanos. Países que chegam a essa situação acabam mesmo promovendo periodicamente legalizações em massa. Em 1986, houve nos EUA uma anistia geral que beneficiou aproximadamente 3 milhões de trabalhadores.
E o efeito benéfico não fica restrito a esse país. Remessas de dinheiro que trabalhadores estrangeiros -especialmente latino-americanos- fazem dos EUA se tornaram importante fator de renda para seus países de origem. As transferências chegaram a US$ 33 bilhões em 2003. Resta esperar que o pacote seja sancionado pelo Congresso, o que não é certo. Há forte oposição de parlamentares, especialmente do Partido Republicano, o mesmo de Bush.


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