São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Especulando

BRASÍLIA - Desde maio de 2003, a imprensa anuncia que o Planalto pretende fazer uma reforma ministerial, até mesmo para dar vagas no ministério para o PMDB e para consolidar a base parlamentar do governo. Pura especulação.
Com a notícia da reforma, logo passou-se a destacar que alguns ministros não estavam funcionando e que precisavam ser mudados. Nem vale repisar aqui, para não parecer implicância. Chegou-se também à inevitável conclusão de que há ministérios e secretarias de mais para resultados de menos. A hora seria boa para trocar quem não deu certo e para reduzir a máquina. Pura especulação.
No meio de tanto "noticiário especulativo" -como recriminava a nota oficial da Presidência anteontem-, publicou-se até que José Dirceu (o superministro político) havia negociado cargos com o PMDB. Pelo sim, pelo não, o presidente da República resolveu dar um chega-pra-lá em Dirceu e avisá-lo de que quem manda no boteco é ele, presidente. Pura especulação.
A reforma foi sendo postergada para o início deste ano até pela falta de disposição de Lula de afastar amigos, meter a mão da cumbuca, azeitar a máquina, chacoalhar o próprio governo. Pura especulação.
Agora, com a nota que desautoriza "as especulações", advertindo que o noticiário especulativo "não ajuda o país" e prejudica "o bom andamento de setores da administração pública", parem-se as máquinas!
Jornais e jornalistas devem entrar em recesso, com o Judiciário, o Legislativo e alguns ministros que andam tomando banho de mar por aí. Nada se apure, nada se diga, nada se escreva e nada se pense sobre a reforma, aguardando que Lula tome uma decisão e anuncie oficialmente.
Até lá, senhoras e senhores, tenham o dito pelo não dito. Pela nota, não há reforma nenhuma, os ministros são todos eficientíssimos, os ministérios e secretarias estão de bom tamanho. Ah!, e o PMDB não vai ter cargo nenhum, nem o líder do partido na Câmara, Eunício Oliveira, vai ser ministro. Era tudo especulação!


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