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A saída é empregar
A pobreza nas regiões metropolitanas do país só vai baixar de forma duradoura se empresas contratarem mais
AS REGIÕES metropolitanas do Brasil estão praticamente fora do escopo dos programas
estatais de transferência de renda criados ao longo dos últimos
anos. A evolução do nível de vida
nesse populoso estrato geográfico depende em maior grau do
mercado de trabalho -apenas
nos seis maiores aglomerados
urbanos há 40 milhões de brasileiros em idade ativa.
Vem justamente do mercado
de trabalho a explicação para um
interessante fenômeno recente
verificado na região metropolitana de São Paulo. Como esta
Folha publicou ontem, dados
oriundos da PNAD (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios), referentes a 2005, apontam uma melhora, significativa
mas pontual, na situação da pobreza nessa área habitada por
quase 20 milhões de brasileiros.
De acordo com os critérios da
pesquisadora Sonia Rocha, de
2004 para 2005 um contingente
de 900 mil paulistas obteve ganho suficiente para deixar a situação de pobreza.
Em 2004, considerados os
mesmos critérios, para cada 100
habitantes da Grande São Paulo,
42 se encontravam abaixo da linha da pobreza. Um ano depois,
a proporção baixou para 36, o
que significa um número absoluto da ordem de 7 milhões de pessoas. Apesar da melhora, o índice
de 2005 ainda está longe de ter
superado a marca de 1995, de 27
pobres para cada centena de
paulistas metropolitanos.
Embora o crescimento do PIB
brasileiro em 2005 (2,3%) tenha
caído para menos da metade do
ritmo registrado um ano antes
(4,9%), o mercado de trabalho
tomou outra direção na Grande
São Paulo e se manteve em recuperação. A taxa de desemprego
anual média na região caiu quase
dois pontos percentuais no período, fechando em 16,9%.
A boa notícia é que esse movimento de recuperação de postos
de trabalho na região metropolitana de São Paulo continuou em
2006. A taxa de desemprego em
novembro foi de 14,1% (a menor
desde 1996). Em 12 meses, mais
de 300 mil postos de trabalho foram criados.
Está claro qual "alternativa" o
governo Lula deve oferecer às regiões metropolitanas após ter
constatado o óbvio acerca dos limites do Bolsa Família para
combater a pobreza nessas áreas.
Não se trata de responder ao desafio criando uma nova "bolsa",
como hora ou outra se ouve de
governistas. Trata-se, pelo contrário, de o governo comprometer-se a não mais resolver seus
problemas de caixa aumentando
a tributação; a continuar baixando os juros; a cortar despesa corrente para investir mais; e a
aperfeiçoar a gestão.
A pobreza só vai diminuir nas
áreas mais populosas se as empresas aumentarem as contratações; e o nível de bem-estar só vai
avançar com vigor nessas regiões
quando o Estado recuperar a sua
capacidade de investir.
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