São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

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A saída é empregar

A pobreza nas regiões metropolitanas do país só vai baixar de forma duradoura se empresas contratarem mais

AS REGIÕES metropolitanas do Brasil estão praticamente fora do escopo dos programas estatais de transferência de renda criados ao longo dos últimos anos. A evolução do nível de vida nesse populoso estrato geográfico depende em maior grau do mercado de trabalho -apenas nos seis maiores aglomerados urbanos há 40 milhões de brasileiros em idade ativa.
Vem justamente do mercado de trabalho a explicação para um interessante fenômeno recente verificado na região metropolitana de São Paulo. Como esta Folha publicou ontem, dados oriundos da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), referentes a 2005, apontam uma melhora, significativa mas pontual, na situação da pobreza nessa área habitada por quase 20 milhões de brasileiros.
De acordo com os critérios da pesquisadora Sonia Rocha, de 2004 para 2005 um contingente de 900 mil paulistas obteve ganho suficiente para deixar a situação de pobreza.
Em 2004, considerados os mesmos critérios, para cada 100 habitantes da Grande São Paulo, 42 se encontravam abaixo da linha da pobreza. Um ano depois, a proporção baixou para 36, o que significa um número absoluto da ordem de 7 milhões de pessoas. Apesar da melhora, o índice de 2005 ainda está longe de ter superado a marca de 1995, de 27 pobres para cada centena de paulistas metropolitanos.
Embora o crescimento do PIB brasileiro em 2005 (2,3%) tenha caído para menos da metade do ritmo registrado um ano antes (4,9%), o mercado de trabalho tomou outra direção na Grande São Paulo e se manteve em recuperação. A taxa de desemprego anual média na região caiu quase dois pontos percentuais no período, fechando em 16,9%.
A boa notícia é que esse movimento de recuperação de postos de trabalho na região metropolitana de São Paulo continuou em 2006. A taxa de desemprego em novembro foi de 14,1% (a menor desde 1996). Em 12 meses, mais de 300 mil postos de trabalho foram criados.
Está claro qual "alternativa" o governo Lula deve oferecer às regiões metropolitanas após ter constatado o óbvio acerca dos limites do Bolsa Família para combater a pobreza nessas áreas. Não se trata de responder ao desafio criando uma nova "bolsa", como hora ou outra se ouve de governistas. Trata-se, pelo contrário, de o governo comprometer-se a não mais resolver seus problemas de caixa aumentando a tributação; a continuar baixando os juros; a cortar despesa corrente para investir mais; e a aperfeiçoar a gestão.
A pobreza só vai diminuir nas áreas mais populosas se as empresas aumentarem as contratações; e o nível de bem-estar só vai avançar com vigor nessas regiões quando o Estado recuperar a sua capacidade de investir.


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