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ELIANE CANTANHÊDE
Pra quando o Carnaval chegar
BRASÍLIA - Como bem registrou
o "Painel", quando Mantega e Paulo
Bernardo anunciaram o "pacote de
janeiro", aumentando o IOF e a
CSLL, a toda-poderosa Dilma
Rousseff tinha acabado de sair de
férias. Estava longe de Brasília.
O ex-ministro Rubens Ricúpero
dizia que "o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde".
No atual governo, a frase lapidar foi
adaptada para: "O que é bom a Dilma mostra e, quando é ruim, a gente
esconde a Dilma".
Na hora de anunciar e comemorar que a Petrobras descobriu o megacampo de Tupi? Chame-se a Dilma! É para anunciar e chorar que
dois impostos serão aumentados?
Esconda-se a Dilma!
De férias, a ministra está livre do
deus-nos-acuda de Brasília neste
início de ano, em pleno recesso parlamentar. O governo perdeu R$ 38
bi sem a CPMF, espera recompor
uns R$ 10 bi subindo os dois impostos e precisa passar a tesoura nos
gastos para fechar a conta.
Mas ninguém quer saber de tesouradas. Nem os parlamentares,
que seguram seus mandatos à custa
de emendas ao Orçamento, nem os
ministros, que, sem verbas, não são
nada. Então, temos dois contra todos: Paulo Bernardo e José Múcio
(da Articulação Política) contra a
Esplanada dos Ministérios inteira e
mais a Praça dos Três Poderes (incluindo o Judiciário).
Dilma? Não sabe, não viu. Só deve
reaparecer lá pelo dia 22, para a festa de um ano do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) -se
houver festa. A expectativa é que
Lula vá livrar os programas sociais e
o PAC, mas ele avisou ontem que
será preciso "cortar na veia".
Não fazia sentido (como se viu
depois) Lula negar o óbvio aumento
de impostos, mas faz todo o sentido
tentar preservar o Bolsa Família,
que sustenta a popularidade do
próprio Lula, e o PAC, que sacode a
candidatura Dilma pra quando o
Carnaval chegar. O Carnaval de
2010, evidentemente.
elianec@uol.com.br
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