São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2009

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KENNETH MAXWELL

Barack Obama: os desafios

BARACK OBAMA será um tipo diferente de presidente nos Estados Unidos. Ele é produto de origens multiculturais e suas raízes políticas também são multiculturais. Chicago é a base de sua carreira política, mas suas origens são mais amplas. Ele foi criado no Havaí. Seu pai era um médico queniano que se divorciou da mãe de Obama quando o menino tinha dois anos. A mãe do presidente eleito era o protótipo da mulher dos anos 60, obstinada e independente. Obama foi criado por seus avós, e durante quase dez anos frequentou a exclusiva Punahou School, na época quase inteiramente branca.
Ele fez faculdade na Califórnia e também estudou em Nova York antes de chegar a Harvard, onde se tornou presidente da "Law Review". Depois, se assentou no South Side de Chicago, onde fortaleceu seus elos com a comunidade negra dos Estados Unidos. Casou-se com Michelle, uma advogada negra, e tem duas filhas. Foi na política de Illinois que ele fez carreira, com trabalhos comunitários em nível local e mais tarde como membro do Legislativo estadual; posteriormente, se elegeu para o Senado federal, em Washington.
Nada disso garante que ele venha a ter mais sucesso do que seu predecessor ou que demonstre mais competência para enfrentar os assustadores desafios que terá de encarar como presidente. Mas ao menos haverá uma espécie inovadora e diferente de indivíduo na Casa Branca. Os dilemas que terá de enfrentar serão formidáveis, para dizer o mínimo. A necessidade de estimular uma economia moribunda; mercados financeiros devastados; guerras no Oriente Médio, tudo isso requer liderança e mão firme. Mas a prioridade precisa ser estimular a economia. É quanto a isso que emergirão dificuldades para o novo presidente.
Não existem soluções simples.
Nos Estados Unidos, o preço médio das casas caiu em toda parte. O crédito está muito apertado. As consequências mais amplas desses desdobramentos só agora começam a se fazer sentir, especialmente para a classe média, que tem na propriedade de moradias um de seus principais ativos. O declínio dos preços afetará as pessoas diretamente.
Barack Obama terá de reassegurar à vasta maioria da população de que o seu principal investimento manterá o seu valor. Mas o fiasco do mercado hipotecário deixa pouca margem de manobra. O mercado de habitação está repleto de imóveis não vendidos e abandonados, especialmente no sul da Califórnia e no sul da Flórida.
Barack Obama precisará oferecer medidas concretas de assistência aos cidadãos comuns. Será um de seus mais formidáveis desafios.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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