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KENNETH MAXWELL
Barack Obama: os desafios
BARACK OBAMA será um tipo
diferente de presidente nos
Estados Unidos. Ele é produto de origens multiculturais e suas
raízes políticas também são multiculturais. Chicago é a base de sua
carreira política, mas suas origens
são mais amplas. Ele foi criado no
Havaí. Seu pai era um médico queniano que se divorciou da mãe de
Obama quando o menino tinha
dois anos. A mãe do presidente
eleito era o protótipo da mulher
dos anos 60, obstinada e independente. Obama foi criado por seus
avós, e durante quase dez anos frequentou a exclusiva Punahou
School, na época quase inteiramente branca.
Ele fez faculdade na Califórnia e
também estudou em Nova York
antes de chegar a Harvard, onde se
tornou presidente da "Law Review". Depois, se assentou no
South Side de Chicago, onde fortaleceu seus elos com a comunidade
negra dos Estados Unidos. Casou-se com Michelle, uma advogada
negra, e tem duas filhas. Foi na política de Illinois que ele fez carreira,
com trabalhos comunitários em
nível local e mais tarde como membro do Legislativo estadual; posteriormente, se elegeu para o Senado
federal, em Washington.
Nada disso garante que ele venha
a ter mais sucesso do que seu predecessor ou que demonstre mais
competência para enfrentar os assustadores desafios que terá de encarar como presidente. Mas ao menos haverá uma espécie inovadora
e diferente de indivíduo na Casa
Branca. Os dilemas que terá de enfrentar serão formidáveis, para dizer o mínimo. A necessidade de estimular uma economia moribunda; mercados financeiros devastados; guerras no Oriente Médio, tudo isso requer liderança e mão firme. Mas a prioridade precisa ser
estimular a economia. É quanto a
isso que emergirão dificuldades
para o novo presidente.
Não existem soluções simples.
Nos Estados Unidos, o preço médio das casas caiu em toda parte. O
crédito está muito apertado. As
consequências mais amplas desses
desdobramentos só agora começam a se fazer sentir, especialmente para a classe média, que tem na
propriedade de moradias um de
seus principais ativos. O declínio
dos preços afetará as pessoas
diretamente.
Barack Obama terá de reassegurar à vasta maioria da população de
que o seu principal investimento
manterá o seu valor. Mas o fiasco
do mercado hipotecário deixa pouca margem de manobra. O mercado de habitação está repleto de
imóveis não vendidos e abandonados, especialmente no sul da Califórnia e no sul da Flórida.
Barack Obama precisará oferecer medidas concretas de assistência aos cidadãos comuns. Será um
de seus mais formidáveis desafios.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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