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CARLOS HEITOR CONY
Maysa e os Blochs
RIO DE JANEIRO - Não costumo
comentar produtos da televisão,
muito menos as novelas que estão
no ar. Mas a minissérie sobre Maysa obrigou-me a uma reflexão: texto
do como sempre excelente Manoel
Carlos, ela está sendo dirigida por
Jayme Monjardim, filho único da
cantora. Quando superintendente
da teledramaturgia da Rede Manchete, trabalhei com ele e fui testemunha do impacto provocado por
"Pantanal".
Ao dirigir um exercício dramático sobre sua mãe, Monjardim dá
um exemplo de seriedade e profissionalismo. Outro qualquer poderia
ser acusado de apelação, não ele,
que, embora jovem, possui uma bagagem respeitável, um conjunto de
obra de primeira qualidade.
Falta de tempo me impede de assistir à minissérie, mas, conhecendo a sensibilidade do diretor, credito-lhe um dos momentos mais importantes da história de nossa televisão: um filho dirigir um produto
dramático sobre a vida de sua mãe.
Uma experiência que pouquíssimos artistas puderam realizar.
Aliás, temos outro exemplo mais
ou menos parecido em nosso mundo editorial. Arnaldo Bloch escreveu a saga de sua família ("Os Irmãos Karamabloch"), incluindo
entre os personagens seu avô e seu
pai. Alguns leitores imaginam uma
catarse do autor, reduzindo a literatura a simples terapia psicanalítica.
Tanto no caso de Jayme Monjardim como no caso de Arnaldo
Bloch, o que importa é a elaboração
artística de uma obra que transcende o particular e atinge o universal.
Maysa e os Blochs pertenceram a
um tempo que se escoou. A minissérie sobre a cantora e a conturbada
história dos gráficos ucranianos
que chegaram ao Brasil são intemporais, destacam a ventura e a desventura humana em termos de arte
dramática e literária. Merecem
o respeito de nossa reflexão e
admiração.
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