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Matar ou morrer
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Em política, há um jeitinho
para tudo. Itamar Franco e Fernando
Henrique Cardoso têm apenas 12 dias,
até 20/1, para encontrar esse jeitinho.
Senão é matar ou morrer.
O antecessor não está apenas exigindo créditos e vantagens para Minas,
mas sacando primeiro, e rápido, para
pegar o sucessor desprevenido.
Itamar é imprevisível, suscetível, ressentido, vingativo; FHC é um conciliador que jamais diz "não" e prefere dar
tempo ao tempo.
O que se pode esperar do embate?
Que Itamar radicalize sempre mais no
ataque e que FHC recue cada vez mais
para a defesa.
O resultado seria o questionamento
crescente da autoridade presidencial,
já chamuscada por incertezas na economia, grampos telefônicos, perda de
quadros e excesso de concessões à misteriosa entidade "base aliada".
É evidente que comprar briga com
Itamar não é fácil. Não é para FHC,
não seria para ninguém. Mas é quase
uma questão de sobrevivência. Política, porque define quem manda. Econômica, porque insufla ou murcha os
demais governadores.
Se Itamar jogou uma bomba, jamais
se poderá menosprezar o arsenal de
FHC e Pedro Malan. A dúvida é se eles
têm coragem de acioná-lo.
O impassível Malan vai à luta com
as armas do contrato de renegociação
da dívida mineira: se até o dia 20 Itamar não pagar, o Estado pode ficar
sem o ICMS (imposto estadual) e sem
o repasse do FPE (Fundo de Participação dos Estados), além de recuar para
juros de mercado de quase 30%.
Politicamente, quem mais poderia
entrar nessa se não o velho de guerra
Antonio Carlos Magalhães? Multiplique-se por dez a gana de Itamar por
FHC e tem-se a gana de ACM por Itamar -o único presidente que o enfrentou publicamente, e com sucesso.
A situação é delicada, mas Itamar
sabia o que fazia ao ir tão longe. Ocupou o vácuo de uma liderança de oposição e apostou suas fichas na incapacidade de FHC de reagir. É exatamente por isso que ele tem que reagir.
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