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O gordo e os magros
ANTONIO CARLOS DE FARIA
Rio de Janeiro - Muito significativa a
entrevista publicada ontem pela Folha com o ministro dos Esportes e do
Turismo, Rafael Greca. O tom das declarações do ministro confirma o senso comum que atribui aos gordos um
bom humor proporcional ao peso.
O vizir da República, o senador
ACM, é outro dono de cintura roliça
que costuma encantar a todos, quando quer. Mas ACM é também baiano,
e aí já é covardia.
Greca, do alto dos seus 140 kg, chega
a comparar uma foto que fez junto a
Pelé com uma peça publicitária da Benetton. "Eu bem branquinho e ele negro", descreve. O fotógrafo da grife italiana poderia usar a idéia. Difícil seria
explicar o que o rei do futebol estaria
fazendo ao lado do candidato a lutador de sumô. Para Greca, isso aconteceu porque Pelé apreciou suas qualidades de poeta. Quanto lirismo.
Porém uma cena nem tão lírica
quanto a que vê o ministro "em alguns
mendigos e despossuídos" representantes esquálidos da miséria nacional.
A entrevista é significativa já pelo
nome da pasta de Greca. O turismo é a
atividade econômica com mais crescimento no mundo. Chega ao ponto de
ser a principal fonte de receita de vários países. No Brasil, fica em segundo
lugar na mesma pasta que trata da vida esportiva. Ainda não se dá a devida importância para o setor, que pode
ser uma solução para a crise da extinção de empregos em outros pontos da
economia.
Quase não há divulgação do país no
exterior, a não ser a que acontece naturalmente quando aqui são cometidas barbaridades. Nem se pode dizer
que isso ocorre porque o Brasil tem
outras prioridades, porque nada ou
quase nada se faz por elas.
O Brasil é um peso-pesado desconhecido, com menos visitantes que o Uruguai. É preciso mais que ser grande e
simpático para seduzir turistas.
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