|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O cenário que ninguém quer
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Com o risco de entrar na
lista dos fracassômanos, aí vai um cenário pelo qual ninguém torce, mas
que é dado como certo pelos partidos
de oposição.
1) Câmbio: março pode chegar com o
dólar ainda em órbita, no patamar de
R$ 1,80. Ou mais.
2) Juros: ato contínuo ao dólar valorizado, os juros não poderão cair, como tanto promete o governo.
3) Inflação: a carestia, como diz
FHC, deve bater em poderosos 3% ao
mês já em fevereiro.
4) Apoio no Congresso: os partidos
aliados de FHC estão em guerra civil
para ver quem abocanha o restinho do
Orçamento. Sobrarão deputados e faltarão verbas. A diáspora é inevitável.
5) Desemprego: como já é uma praxe
nacional, a realidade é sempre mais
notada depois do Carnaval. Desta vez,
será um desemprego recorde.
6) Popularidade de FHC: sem condições de oferecer mel no curto prazo, o
presidente verá seus índices de aprovação despencarem ainda mais. O Datafolha de ontem já captou 36% de
avaliação ruim ou péssima.
Quem conhece FHC prevê uma depressão que Prozac nenhum resolve.
As coisas ficarão piores quando o presidente sentir que não pode andar na
rua sem o risco de ver um tomate arremessado em sua direção.
7) Falência dos Estados: os governadores de oposição se preparam para
uma típica conflagração.
Se FHC e o Senado aprovarem alguma rolagem de dívida, essa atitude será tachada de imoral. O governo federal estaria desmoralizado.
Por outro lado, sem dinheiro novo,
os Estados vão à falência. Seria o caos.
E isso pode começar não por um Estado, mas pela cidade de São Paulo, que
tem US$ 3,5 bilhões em dívidas impagáveis vencendo até julho.
8) Manifestações: por enquanto é só
desejo, mas o PT e os outros partidos
de oposição farão de tudo para organizar um dia nacional de protesto.
Milhares nas ruas. Uma catarse.
A data mais desejada, por Itamar
Franco e companhia, não poderia ser
outra: 21 de abril.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|