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CLÓVIS ROSSI
O paradoxo Covas
SANTOS - Reginaldo Galli, um dos mais críticos leitores da Folha, manda e-mail que pode parecer desagradável, mas é pertinente: como compatibilizar as muitas e imensas qualidades que quase todos atribuímos a
Mário Covas com o fato de que o governador sempre fica entre os últimos
colocados nas pesquisas de avaliação do Datafolha?
Fiquei na dúvida se o leitor queria
mesmo uma explicação ou insinuava
que o Datafolha estava errado. O histórico de acertos do instituto de pesquisas é incontestável.
Mas, mesmo que não fosse, permaneceria o fato de que, dois anos e
meio antes de se transformar em
unanimidade nacional, Mário Covas
sofrera como um cão para passar para o segundo turno da eleição estadual contra uma virgem em pleitos
majoritários, Marta Suplicy.
Sem contar que Covas, no primeiro
turno, perdeu feio para Paulo Maluf
(PPB). Tudo somado, o fato é que três
de cada quatro eleitores paulistas
não viram em Covas as qualidades
que lhe foram tão louvadas agora,
tanto que não votaram nele (no segundo turno, o voto foi mais anti-Maluf que pró-Covas).
Para ser bem honesto, eu não tenho
explicações para essa aparente contradição. Tenho só palpites.
1 - Há um imenso fosso entre a opinião das elites e a da massa.
2 - A maneira como Covas enfrentou a doença engrandeceu-o de uma
maneira extraordinária, fazendo
com que seu julgamento passasse a
ser mais da pessoa física que do político e do administrador.
3 - Os problemas de São Paulo, especialmente da Grande São Paulo,
uma área que forma opinião, são
maiores que os talentos de seu administrador, por muitos que sejam.
O ponto 3 parece-me sedutor. Tasso
Jereissati aplica no Ceará políticas
não muito diferentes das de Covas e,
não obstante, tem avaliação positiva
desde a primeira gestão. Seja como
for, o leitor levanta uma questão que
exige estudos.
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