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UNIDOS COM SHARON
Ariel Sharon tomou posse
ontem como primeiro-ministro de Israel. Ele tem como principal
meta pôr fim a uma revolta palestina
que já dura cinco meses. Paradoxalmente, essa nova Intifada teve como
estopim uma visita do próprio Sharon ao setor árabe de Jerusalém.
E a biografia do novo líder israelense em nada o auxilia nas negociações
com os palestinos. Se Sharon já é
considerado um linha-dura pelos
próprios israelenses, palestinos o
vêem como uma espécie de carrasco.
Ele é, segundo uma comissão israelense, responsável indireto pelo massacre de Sabra e Chatila, em 1982. Na
ocasião, Sharon nada fez para impedir que cristãos falangistas assassinassem entre 800 e 2.000 palestinos.
A seu favor o novo líder tem uma
maioria relativamente confortável no
Parlamento. Conseguiu compor um
governo de coalizão que inclui o Partido Trabalhista. Para tanto, assumiu
um discurso até moderado para os
seus padrões pessoais e loteou muitos cargos no gabinete.
É lamentável, porém, que a paz entre israelenses e palestinos esteja hoje
bem mais distante do que o ponto
em que se encontrava seis meses
atrás. Na ocasião, em reunião de cúpula em Camp David (EUA), Ehud
Barak, antecessor de Sharon, chegou
a oferecer a Iasser Arafat soberania
sobre parte de Jerusalém Oriental. O
líder palestino recusou a proposta.
Foi desperdiçada assim uma oportunidade histórica. Arafat não precisava, por suposto, contentar-se com
o que Barak lhe ofereceu. Mas poderia muito bem ter aceitado a oferta
para consolidar e manter vivo o processo de paz e, a partir da proposta,
seguir com a negociação no rumo
que lhe parecesse mais justo.
Para agravar ainda mais o quadro,
o novo presidente dos EUA, George
W. Bush, não tem o mesmo empenho de seu antecessor em encontrar
uma solução para o conflito. A prioridade de Bush na região é o Iraque, a
guerra que seu pai começou.
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