São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

UNIDOS COM SHARON

Ariel Sharon tomou posse ontem como primeiro-ministro de Israel. Ele tem como principal meta pôr fim a uma revolta palestina que já dura cinco meses. Paradoxalmente, essa nova Intifada teve como estopim uma visita do próprio Sharon ao setor árabe de Jerusalém.
E a biografia do novo líder israelense em nada o auxilia nas negociações com os palestinos. Se Sharon já é considerado um linha-dura pelos próprios israelenses, palestinos o vêem como uma espécie de carrasco. Ele é, segundo uma comissão israelense, responsável indireto pelo massacre de Sabra e Chatila, em 1982. Na ocasião, Sharon nada fez para impedir que cristãos falangistas assassinassem entre 800 e 2.000 palestinos.
A seu favor o novo líder tem uma maioria relativamente confortável no Parlamento. Conseguiu compor um governo de coalizão que inclui o Partido Trabalhista. Para tanto, assumiu um discurso até moderado para os seus padrões pessoais e loteou muitos cargos no gabinete.
É lamentável, porém, que a paz entre israelenses e palestinos esteja hoje bem mais distante do que o ponto em que se encontrava seis meses atrás. Na ocasião, em reunião de cúpula em Camp David (EUA), Ehud Barak, antecessor de Sharon, chegou a oferecer a Iasser Arafat soberania sobre parte de Jerusalém Oriental. O líder palestino recusou a proposta.
Foi desperdiçada assim uma oportunidade histórica. Arafat não precisava, por suposto, contentar-se com o que Barak lhe ofereceu. Mas poderia muito bem ter aceitado a oferta para consolidar e manter vivo o processo de paz e, a partir da proposta, seguir com a negociação no rumo que lhe parecesse mais justo.
Para agravar ainda mais o quadro, o novo presidente dos EUA, George W. Bush, não tem o mesmo empenho de seu antecessor em encontrar uma solução para o conflito. A prioridade de Bush na região é o Iraque, a guerra que seu pai começou.


Texto Anterior: Editorial: PASSO DECISIVO
Próximo Texto: Santos - Clóvis Rossi: O paradoxo Covas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.