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CARLOS HEITOR CONY
Anatomia da fumaça
RIO DE JANEIRO - Na terça-feira reclamei da fumaça do porta-aviões
""São Paulo". Quando aqui esteve, no
ano passado, ainda como ""Foch" e
pertencente à Marinha francesa, ele
deitou uma fumaça espessa que fez a
praça Mauá ficar escura, como se
noite fosse.
Chegou há pouco na Guanabara, já
como coisa nossa. Todos os jornais
publicaram a sua foto: lá estava
aquele penacho negro saindo de sua
formidável chaminé. Graças a Heitor
Aquino Ferreira e Luis Edgar de Andrade, recebi esclarecimentos técnicos sobre a tal fumaça. O ""São Paulo"
é movido a vapor superaquecido por
suas caldeiras, vapor que é misturado
com óleo combustível.
Como o porta-aviões é de aquisição
recente, é possível que o pessoal das
caldeiras ainda não esteja bem adestrado. As informações existentes nos
círculos navais garantem que o ""São
Paulo" apresenta excelente estado,
trazendo grande quantidade de peças sobressalentes sem acréscimo no
preço da compra.
Ozires Silva, um técnico respeitado,
também me abasteceu com informações. Diz ele que o mundo queima
hoje 75 milhões de barris de petróleo/dia, jogando no ar 10 milhões de
toneladas de gases. Tudo isso para
obter um rendimento insignificante
de energia, na base de 35%.
Muito dinheiro por quase nada -é
a conclusão. Tanto Ozires Silva como
Alberto Rosauro acreditam que a tecnologia corrigirá esse desperdício, essa queima de matéria-prima não-renovável. Ozires informa que estão
adiantados os estudos para o aproveitamento de outras fontes de energia renovável, poupando-se o petróleo para usos mais nobres, sem queimá-lo perdulariamente como temos
feito até aqui.
Transmito as informações de técnicos respeitáveis. E espero que possamos nos orgulhar do ""São Paulo"
sem aquela fumaça que tanto poluiu
o centro da cidade.
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