São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2001

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CARLOS HEITOR CONY

Anatomia da fumaça

RIO DE JANEIRO - Na terça-feira reclamei da fumaça do porta-aviões ""São Paulo". Quando aqui esteve, no ano passado, ainda como ""Foch" e pertencente à Marinha francesa, ele deitou uma fumaça espessa que fez a praça Mauá ficar escura, como se noite fosse.
Chegou há pouco na Guanabara, já como coisa nossa. Todos os jornais publicaram a sua foto: lá estava aquele penacho negro saindo de sua formidável chaminé. Graças a Heitor Aquino Ferreira e Luis Edgar de Andrade, recebi esclarecimentos técnicos sobre a tal fumaça. O ""São Paulo" é movido a vapor superaquecido por suas caldeiras, vapor que é misturado com óleo combustível.
Como o porta-aviões é de aquisição recente, é possível que o pessoal das caldeiras ainda não esteja bem adestrado. As informações existentes nos círculos navais garantem que o ""São Paulo" apresenta excelente estado, trazendo grande quantidade de peças sobressalentes sem acréscimo no preço da compra.
Ozires Silva, um técnico respeitado, também me abasteceu com informações. Diz ele que o mundo queima hoje 75 milhões de barris de petróleo/dia, jogando no ar 10 milhões de toneladas de gases. Tudo isso para obter um rendimento insignificante de energia, na base de 35%.
Muito dinheiro por quase nada -é a conclusão. Tanto Ozires Silva como Alberto Rosauro acreditam que a tecnologia corrigirá esse desperdício, essa queima de matéria-prima não-renovável. Ozires informa que estão adiantados os estudos para o aproveitamento de outras fontes de energia renovável, poupando-se o petróleo para usos mais nobres, sem queimá-lo perdulariamente como temos feito até aqui.
Transmito as informações de técnicos respeitáveis. E espero que possamos nos orgulhar do ""São Paulo" sem aquela fumaça que tanto poluiu o centro da cidade.


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