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Desse mato não sai coelho
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Há uma discussão em curso
a respeito da afinada que a CPI dos
Precatórios teria dado em cima do
Bradesco, na sessão de ontem.
Isso é irrelevante.
O mais importante foi a constatação
daquilo que já se sabia: os depoimentos dos tomadores finais serão de pouca valia para descobrir onde foi parar
o dinheiro da roubalheira.
Não que sejam depoimentos inúteis.
Muito pelo contrário. É bom que um
dos Poderes constituídos no país consiga, dentro da normalidade democrática, colocar no Senado o presidente do Bradesco depondo sobre um esquema ilícito de venda de títulos.
Esse é o saldo positivo a que alguns
senadores se referem ao dizer que a
investigação já fez muito pelo Brasil. E
fez mesmo. Mostrou que ninguém deve estar imune a questionamentos.
Por outro lado, esses mesmos senadores são os culpados pela expectativa
gerada em torno dos tais tomadores
finais de títulos -os bancos e os fundos de pensão.
De bestas-feras dos precatórios, depois dos depoimentos de ontem e de
sexta-feira, esses tomadores finais saíram com a imagem de meros participantes passivos do esquema.
Dificilmente se provará alguma coisa contra bancos e fundos de pensão.
Fizeram tudo de acordo com as regras.
Em resumo, desse mato não sai coelho.
Por tudo isso, pouco importa se Roberto Requião, relator da CPI, cumprimentou o presidente do Bradesco
ao final do depoimento ontem.
Requião pode cumprimentar quantos banqueiros quiser, desde que não
abandone o seu objetivo principal: encontrar o caminho trilhado pelo dinheiro roubado com precatórios.
Cresce entre os integrantes da CPI a
idéia de deixar essa investigação
-sobre o destino dos lucros- apenas
para a polícia e para a Justiça.
Esse seria o pior final para a CPI.
Esta coluna errou na edição de sexta-feira. O secretário da Segurança de
São Paulo, José Afonso da Silva, não é
safenado. Peço desculpas ao secretário
e aos leitores deste espaço.
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