São Paulo, terça, 8 de abril de 1997.

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Desse mato não sai coelho

FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Há uma discussão em curso a respeito da afinada que a CPI dos Precatórios teria dado em cima do Bradesco, na sessão de ontem.
Isso é irrelevante.
O mais importante foi a constatação daquilo que já se sabia: os depoimentos dos tomadores finais serão de pouca valia para descobrir onde foi parar o dinheiro da roubalheira.
Não que sejam depoimentos inúteis. Muito pelo contrário. É bom que um dos Poderes constituídos no país consiga, dentro da normalidade democrática, colocar no Senado o presidente do Bradesco depondo sobre um esquema ilícito de venda de títulos.
Esse é o saldo positivo a que alguns senadores se referem ao dizer que a investigação já fez muito pelo Brasil. E fez mesmo. Mostrou que ninguém deve estar imune a questionamentos.
Por outro lado, esses mesmos senadores são os culpados pela expectativa gerada em torno dos tais tomadores finais de títulos -os bancos e os fundos de pensão.
De bestas-feras dos precatórios, depois dos depoimentos de ontem e de sexta-feira, esses tomadores finais saíram com a imagem de meros participantes passivos do esquema.
Dificilmente se provará alguma coisa contra bancos e fundos de pensão. Fizeram tudo de acordo com as regras. Em resumo, desse mato não sai coelho.
Por tudo isso, pouco importa se Roberto Requião, relator da CPI, cumprimentou o presidente do Bradesco ao final do depoimento ontem.
Requião pode cumprimentar quantos banqueiros quiser, desde que não abandone o seu objetivo principal: encontrar o caminho trilhado pelo dinheiro roubado com precatórios.
Cresce entre os integrantes da CPI a idéia de deixar essa investigação -sobre o destino dos lucros- apenas para a polícia e para a Justiça.
Esse seria o pior final para a CPI.

Esta coluna errou na edição de sexta-feira. O secretário da Segurança de São Paulo, José Afonso da Silva, não é safenado. Peço desculpas ao secretário e aos leitores deste espaço.


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