São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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MÉDICOS EM FALTA

Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado ontem alerta para o problema da falta de profissionais de saúde em escala global. De acordo com o estudo, há um déficit de mais de 4 milhões de médicos, enfermeiros, parteiros, agentes e gestores no planeta. O estoque mundial de trabalhadores em saúde é de 59 milhões.
Em 57 países, a falta de profissionais qualificados está impedindo intervenções tão essenciais como a imunização de crianças, pré-natais e partos minimamente seguros e tratamento para moléstias como Aids, tuberculose e malária. Doenças infecciosas e complicações perinatais provocam a morte de pelo menos 10 milhões de pessoas por ano.
A situação, como sempre, é mais grave na África subsaariana, onde jazem 36 das 57 nações mais necessitadas. Essa região abriga 11% da população mundial, sofre o impacto de 24% de todas as perdas produzidas por doenças, mas conta com apenas 3% dos profissionais de saúde.
Estima-se que, em nível global, 1,3 bilhão de seres humanos não tenham acesso aos serviços de saúde mais elementares, em grande parte devido à ausência de profissionais qualificados. E, fenômeno duplamente perverso, as condições de trabalho nos lugares mais necessitados são tão ruins que boa parte dos médicos acaba se mudando para nações ricas, agravando ainda mais a falta de pessoal em seus países de origem.
Só haverá alívio para as 57 nações em crise sanitária se os países desenvolvidos dispuserem a ajudá-las. A OMS propõe um plano para tentar melhorar a situação em uma década. A colaboração dos que podem é necessária, se não por altruísmo, para atender aos seus próprios interesses. A eclosão de novas doenças como a Sars e a possível pandemia de gripe aviária mostram que moléstias não costumam observar fronteiras.


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