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BERLUSCONI SOB ESCRUTÍNIO
Os italianos vão às urnas
amanhã e na segunda-feira. Se
os prognósticos das pesquisas eleitorais se confirmarem, colocarão fim
aos cinco anos de governo de Silvio
Berlusconi, a mais longa gestão de
um premiê na Itália desde o fim da
Segunda Guerra Mundial.
Como quase tudo que envolve Berlusconi, a campanha foi marcada
por polêmicas até o fim. A poucos
dias do pleito, o premiê insultou os
eleitores da chapa adversária chamando-os de "coglioni" (literalmente, "colhões", mas que deve ser traduzido por algo como "imbecis").
Duas semanas antes, havia dito que,
se os comunistas (que fazem parte
da coalizão adversária) não comem
criancinhas, na China eles as fervem
para fertilizar os campos.
Não será entretanto por conta de
declarações polêmicas que Berlusconi perderá o cargo. Os italianos já tiveram tempo de sobra para acostumar-se a elas. Parece mais exato afirmar que o governo do premiê cai devido à chamada fadiga do poder. Já
desde o ano passado os partidos aliados ao premiê vêm sofrendo importantes derrotas em eleições regionais, que serviram para enfraquecer
ainda mais a coalizão.
Acrescente-se às dificuldades políticas um crescimento econômico pífio -0,7% em 2005- e obtém-se
um convite à alternância do poder.
Sondagens dão de 3,5 a 5 pontos percentuais de vantagem para a coalizão
de centro-esquerda liderada por Romano Prodi, que inclui desde católicos a comunistas da "Refundazione"
(não-reformados).
A provável vitória da centro-esquerda poderá trazer de volta à Itália o espectro da instabilidade política. A diferença de votos entre as duas grandes forças, que já não seria muito
grande em termos percentuais, tende a ficar ainda menor no Parlamento, devido a uma recente reforma
eleitoral promovida pelo governo.
Cada partido da coalizão de Prodi
ficaria, assim, com poder de vida e
morte sobre a aliança. Não será, portanto, nenhuma surpresa se a Itália
retomar a velha tradição de governos
que se sucedem em ritmo acelerado.
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