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CARLOS HEITOR CONY
A lei e a força
RIO DE JANEIRO - Mais de três
anos nos separam da próxima sucessão presidencial, mas a classe
política -e seu anexo mais espalhafatoso, que é a mídia- não pensa
em outra coisa. É a conhecida anedota do Juquinha, o menino safado
que só pensava "naquilo".
Bem verdade que muita coisa
ainda pode mudar, mas o quadro
estrutural está esboçado, necessitando apenas dos retoques de última hora e de primeira necessidade.
Como disse o vice-presidente, José
Alencar, na paisagem não há candidato mais forte do que Lula. Ao contrário dos militares que se sucederam no poder, a força do atual presidente não está nas armas, mas no
voto. A taxa de aprovação de seu governo e de sua maneira de ser cresce cada vez mais, apesar da virulenta oposição de alguns setores.
Mais uma vez teremos, em breve,
o tradicional duelo entre a lei e a
força. Para a aprovação do segundo
mandato de FHC, a força venceu a
lei, em forma de notas verdinhas
que foram generosamente distribuídas. Para um terceiro mandato
de Lula, a moeda talvez não seja a
mesma, mas o resultado será o
mesmo: a força ameaçando derrubar a lei.
No último ano do governo de JK,
foi feito um movimento para mudar
a Constituição. As sucessivas inaugurações de grandes obras e a euforia que inundava a alma nacional fariam dele um candidato imbatível.
Ele recusou a tentação. Fixou-se na
meta de voltar ao poder em 1965.
Meses após ter deixado o governo,
já era lançado candidato e homologado pelo principal partido à época.
Não deu. Não adiantou ter JK
respeitado a lei. Foi vencido pela
força que se armou contra o regime
democrático e contra ele de maneira especial.
Agora, a força que ameaça a lei é
de outra natureza. Acredita-se que
mais suave, mas não deixa de ser
força.
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