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Crise nos municípios
É justo que o Planalto compense cidades pela redução de impostos que implantou, mas não pode premiar a farra fiscal
PREFEITOS se mobilizam
contra os efeitos da crise
em suas receitas. Estão
em queda os repasses do
Fundo de Participação dos Municípios, que é dotado pela União
com parte da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados.
Segundo a Confederação Nacional de Municípios, o volume de recursos do FPM,
descontada a
inflação, caiu
6,5% de janeiro
a março de
2009, em relação ao primeiro trimestre de
2008. E a queda é progressiva: -1% (janeiro), -5% (fevereiro) e -15%
(março).
O fenômeno atinge com força
as pequenas cidades, mais dependentes dos recursos. Em Tocantins e Roraima, por exemplo,
os repasses do FPM respondem
por mais de 40% da receita dos
municípios -contra 5,6% nas cidades fluminenses e 8,5% nas
paulistas.
O impacto da crise, entretanto,
deve ser relativizado. Os municípios foram muito beneficiados
com o crescimento econômico
dos últimos anos. Desde 2003, a
arrecadação do IR e do IPI cresceu à taxa anual média de 10%.
Em 2008, a expansão do FPM no
primeiro trimestre foi superior a
20% no cotejo com 2007.
Imaginando que a fartura continuaria, prefeitos aumentaram
seus gastos fixos de custeio, como o salário de servidores. A
queda abrupta nos repasses federais apenas dá cifras a esse tipo
de atitude irresponsável.
É preciso reconhecer, porém,
que a desoneração do IPI decidida pelo governo federal para estimular a economia prejudica Estados e municípios, que arcam
com mais de 50% da renúncia
fiscal. É justo, assim, que o Planalto compense as prefeituras
pelo impacto
que a decisão
federal acarretou nas receitas locais.
Mas a negociação precisa
ficar limitada
aos valores que
deixaram de
ser arrecadados por conta
das desonerações tributárias. É escandalosa a proposta de conceder anistia à dívida dos municípios com a Previdência.
A expansão desenfreada dos
municípios nas últimas décadas
exerce peso crucial nesse drama.
A tendência serviu basicamente
à proliferação de burocracias
ineficientes e dispendiosas.
Se derrotasse o corporativismo
dos políticos, o que é difícil, o
país deveria implantar um programa para diminuir o número
de municípios. Comunidades
sem viabilidade econômica precisariam ser aglutinadas.
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