São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

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KENNETH MAXWELL

A ambição de George Soros

NESTA SEMANA , o "Times", de Londres, reportou que George Soros vai criar um instituto de economia na Universidade de Oxford. Será, aparentemente, o primeiro de vários que ele pretende bancar em universidades da Europa e dos EUA por meio do Instituto para o Novo Pensamento Econômico, que criou no ano passado em Nova York.
O objetivo é criar um espaço alternativo para os economistas que não seja dominado pelos defensores do livre mercado e da desregulamentação, aos quais Soros atribui responsabilidade parcial pela crise econômica mundial. O novo instituto será anunciado em uma conferência inaugural no King's College, em Cambridge, que reunirá importantes pensadores econômicos, entre os quais laureados com o Nobel da disciplina, como Joseph Stiglitz, da Universidade Columbia.
Soros, nascido na Hungria em 1930, emigrou para o Reino Unido em 1947. Estudou na London School of Economics, onde se tornou discípulo do filósofo Karl Popper, autor de "A Sociedade Aberta e seus Inimigos". Depois de se transferir para Nova York, em 1956, começou a trabalhar como operador em Wall Street. Não demorou a compreender, no entanto, que estava, na melhor das hipóteses, repetindo as ideias de Popper. Por isso passou a se dedicar à gestão de fundos, atividade na qual se saiu excepcionalmente bem.
Soros se tornou conhecido como "o homem que quebrou o Banco da Inglaterra". Em 1992, ele supostamente lucrou US$ 1 bilhão durante a crise cambial que levou o Reino Unido a abandonar o mecanismo europeu de taxas de câmbio, a um custo estimado de 3,4 milhões.
Soros fez uma aposta de US$ 10 milhões e ganhou. Neste ano, constava da lista da revista "Forbes" como a 35ª pessoa mais rica do mundo, com patrimônio líquido de US$ 14 bilhões. Em comparação, Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, tem patrimônio líquido de US$ 27 bilhões, de acordo com a "Forbes".
Desde 2000, tornou-se conhecido, acima de tudo, como um dos mais ativos e politicamente aventurosos entre os filantropos mundiais, ainda que seu apoio a movimentos dissidentes e sua defesa dos direitos humanos na Europa Oriental datem dos anos 80. Doou somas consideráveis a uma campanha (malsucedida) para derrotar George W. Bush em 2004.
Soros acredita que a economia não seja uma ciência propelida por mercados racionais, mas, sim, que ações, títulos e moedas dependam muito mais das emoções dos seres humanos que os compram e vendem. A principal ambição de seus novos institutos será a de oferecer ferramentas conceituais mais amplas e efetivas para explicar a atividade econômica.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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