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KENNETH MAXWELL
A ambição de George Soros
NESTA SEMANA , o "Times",
de Londres, reportou que
George Soros vai criar um
instituto de economia na Universidade de Oxford. Será, aparentemente, o primeiro de vários que ele
pretende bancar em universidades
da Europa e dos EUA por meio do
Instituto para o Novo Pensamento
Econômico, que criou no ano passado em Nova York.
O objetivo é criar um espaço alternativo para os economistas que
não seja dominado pelos defensores do livre mercado e da desregulamentação, aos quais Soros atribui responsabilidade parcial pela
crise econômica mundial. O novo
instituto será anunciado em uma
conferência inaugural no King's
College, em Cambridge, que reunirá importantes pensadores econômicos, entre os quais laureados
com o Nobel da disciplina, como
Joseph Stiglitz, da Universidade
Columbia.
Soros, nascido na Hungria em
1930, emigrou para o Reino Unido
em 1947. Estudou na London
School of Economics, onde se tornou discípulo do filósofo Karl Popper, autor de "A Sociedade Aberta e
seus Inimigos". Depois de se transferir para Nova York, em 1956, começou a trabalhar como operador
em Wall Street. Não demorou a
compreender, no entanto, que estava, na melhor das hipóteses, repetindo as ideias de Popper. Por isso passou a se dedicar à gestão de
fundos, atividade na qual se saiu
excepcionalmente bem.
Soros se tornou conhecido como
"o homem que quebrou o Banco da
Inglaterra". Em 1992, ele supostamente lucrou US$ 1 bilhão durante
a crise cambial que levou o Reino
Unido a abandonar o mecanismo
europeu de taxas de câmbio, a um
custo estimado de 3,4 milhões.
Soros fez uma aposta de US$ 10 milhões e ganhou.
Neste ano, constava da lista da
revista "Forbes" como a 35ª pessoa
mais rica do mundo, com patrimônio líquido de US$ 14 bilhões. Em
comparação, Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, tem patrimônio líquido de US$ 27 bilhões,
de acordo com a "Forbes".
Desde 2000, tornou-se conhecido, acima de tudo, como um dos
mais ativos e politicamente aventurosos entre os filantropos mundiais, ainda que seu apoio a movimentos dissidentes e sua defesa
dos direitos humanos na Europa
Oriental datem dos anos 80. Doou
somas consideráveis a uma campanha (malsucedida) para derrotar
George W. Bush em 2004.
Soros acredita que a economia
não seja uma ciência propelida por
mercados racionais, mas, sim, que
ações, títulos e moedas dependam
muito mais das emoções dos seres
humanos que os compram e vendem. A principal ambição de seus
novos institutos será a de oferecer
ferramentas conceituais mais amplas e efetivas para explicar a atividade econômica.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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