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A CRISE E O CANDIDATO
Depois que ruiu o projeto presidencial de Roseana Sarney, a
cúpula do PFL passou a centrar fogo
na tentativa de substituir o pré-candidato do PSDB, José Serra, por algum
outro nome julgado mais palatável
pelas lideranças pefelistas. Aproveitando a turbulência no governismo
provocada pela divulgação da suspeita de corrupção na privatização da
Vale do Rio Doce, o partido de Jorge
Bornhausen empreendeu ontem
uma de suas mais veementes tentativas de inviabilizar Serra.
Em nota oficial que relatava um encontro com o presidente Fernando
Henrique Cardoso, o presidente do
PFL pediu, valendo-se de linguagem
diplomática, a renúncia de Serra. Para os pefelistas, o pré-candidato tucano impede a reedição da aliança de
partidos que por duas vezes elegeu
FHC. Além disso, ainda segundo a
nota, com Serra o PSDB corre o risco
de ser vítima de um fiasco eleitoral
comparável ao de Lionel Jospin na
França. O defeito de Serra, na linguagem alegórica da nota pefelista, é similar ao do ex-primeiro-ministro
francês: não agrega politicamente e
não fala diretamente ao eleitorado.
A resposta do PSDB, manifestando
total apoio a Serra, foi imediata e sobreveio, também, na forma de comunicado oficial à imprensa.
No entanto o fato, que ficou bastante explícito no modo como surgiu
a suspeita de corrupção na venda da
Vale, é que o endosso político-partidário a Serra neste momento não é
total nem no próprio PSDB. Por outro lado, a situação do pré-candidato
tucano nas pesquisas de opinião, na
casa dos 20% das intenções de voto,
é competitiva e continua não havendo, em seu partido, outro nome capaz de lhe fazer "concorrência".
Portanto, se forem mantidas as
atuais condições de temperatura e
pressão, será muito difícil que a sigla
de Jorge Bornhausen atinja o seu objetivo de empurrar o ex-ministro da
Saúde para fora da disputa presidencial. Mas vale lembrar que, desde que
irrompeu o episódio Lunus, o terreno sobre o qual se movimentam os
candidatos ao Planalto nunca esteve
tão propício a sismos quanto agora.
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