São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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VOLATILIDADE DAS NOTAS

Nos mercados financeiros internacionais, é essencial a disponibilidade de informações que permitam avaliar a higidez financeira e os riscos de crédito de empresas, bancos e países. Em princípio, o pleno acesso a esse tipo de dado possibilitaria que todos os agentes tomassem decisões operacionais com base nos mesmos elementos, garantindo a eficiência dos mercados financeiros. Contudo investidores e demandantes de crédito dispõem de diferentes graus de informação, sobretudo em novos empreendimentos. Em âmbito internacional, essa assimetria torna-se ainda mais aguda devido às diferenças nas normas contábeis, estatísticas e legislações.
Diversos mecanismos foram criados para que informações pertinentes fossem de conhecimento geral. Em primeiro lugar, as agências de classificação de risco passaram a atribuir notas que classificavam os riscos de crédito dos agentes emissores de títulos de dívida e ações. Em segundo lugar, disseminaram-se as publicações de instituições financeiras analisando o desempenho de empresas e a capacidade de pagamento de países. Em terceiro lugar, o banco J.P.Morgan começou a divulgar, em tempo real, um índice de risco associado aos países emergentes.
O índice EMBI+, do J.P. Morgan, procura refletir as expectativas dos agentes financeiros, o que o torna um indicador extremamente volátil. Ainda assim, ele serve de parâmetro para a composição das carteiras de investimento recomendadas pelos analistas financeiros.
Foi o que aconteceu com o Brasil. Alguns bancos estrangeiros reduziram a proporção "ideal" de títulos e ações brasileiras na composição do portfólio dos seus clientes. Os investidores venderam os títulos e derrubaram os preços do C-bond no mercado internacional.
A despeito do rigor nos critérios utilizados para efetuar essas análises que desencadeiam movimentos na composição das carteiras dos investidores, isso faz parte da dinâmica dos mercados. Para que o país fique menos sujeito à volatilidade desses mercados e à tirania desses índices de risco, teria de reduzir a sua vulnerabilidade externa. Vale dizer, reduzir o déficit em conta corrente.



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