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PRESSÕES AUTOMOTIVAS
O recente anúncio da Volkswagen de que pode dispensar
parcela significativa de seus empregados no Brasil se inscreve em tendências gerais de ajuste do setor automobilístico, em nível mundial.
Ainda assim, seria temerário desconsiderar que a possível decisão da empresa -que lamentavelmente redundaria no fechamento de quase
6.000 postos de trabalho- está associada também a fatores próprios da
economia brasileira.
O setor automobilístico global
atravessa uma fase de instabilidade e
mudanças. A crise financeira de várias montadoras dos EUA é notória.
No caso das européias, destacam-se
as pressões para que realoquem suas
fábricas, devido a mudanças na competitividade das regiões onde têm ou
podem vir a ter unidades fabris.
A parcela da produção brasileira de
automóveis voltada a suprir o mercado externo sofre com a desvantagem
de situar-se mais longe de vários dos
mercados de destino comparativamente aos pólos de produção que
vêm ganhando espaço.
Até há pouco, essa desvantagem
geográfica vinha sendo compensada
por outros fatores, com destaque para os custos de produção medidos
em dólares. Mas a apreciação significativa experimentada pelo real tem
elevado rapidamente esses custos,
corroendo a competitividade da produção brasileira.
Há tempos que dirigentes de filiais
brasileiras das montadoras têm alertado para os riscos ao setor criados
pela grande apreciação do real -em
particular porque ela solapa sua atratividade como base para a produção
global de certos modelos.
O anúncio do plano de demissões
da Volkswagen precipitou a discussão, até há pouco mantida em banho-maria, de medidas para estimular o setor automobilístico brasileiro.
Abrir uma discussão é oportuno,
pois seria descabido que as autoridades continuassem a assistir inertes
ao desgaste de um setor tão importante para a economia do país. Mas
cabe que guardem uma margem de
cautela, dado o risco de que se configure uma corrida generalizada em
busca de vantagens governamentais.
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