São Paulo, segunda-feira, 08 de maio de 2006

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PRESSÕES AUTOMOTIVAS

O recente anúncio da Volkswagen de que pode dispensar parcela significativa de seus empregados no Brasil se inscreve em tendências gerais de ajuste do setor automobilístico, em nível mundial. Ainda assim, seria temerário desconsiderar que a possível decisão da empresa -que lamentavelmente redundaria no fechamento de quase 6.000 postos de trabalho- está associada também a fatores próprios da economia brasileira.
O setor automobilístico global atravessa uma fase de instabilidade e mudanças. A crise financeira de várias montadoras dos EUA é notória. No caso das européias, destacam-se as pressões para que realoquem suas fábricas, devido a mudanças na competitividade das regiões onde têm ou podem vir a ter unidades fabris.
A parcela da produção brasileira de automóveis voltada a suprir o mercado externo sofre com a desvantagem de situar-se mais longe de vários dos mercados de destino comparativamente aos pólos de produção que vêm ganhando espaço.
Até há pouco, essa desvantagem geográfica vinha sendo compensada por outros fatores, com destaque para os custos de produção medidos em dólares. Mas a apreciação significativa experimentada pelo real tem elevado rapidamente esses custos, corroendo a competitividade da produção brasileira.
Há tempos que dirigentes de filiais brasileiras das montadoras têm alertado para os riscos ao setor criados pela grande apreciação do real -em particular porque ela solapa sua atratividade como base para a produção global de certos modelos.
O anúncio do plano de demissões da Volkswagen precipitou a discussão, até há pouco mantida em banho-maria, de medidas para estimular o setor automobilístico brasileiro. Abrir uma discussão é oportuno, pois seria descabido que as autoridades continuassem a assistir inertes ao desgaste de um setor tão importante para a economia do país. Mas cabe que guardem uma margem de cautela, dado o risco de que se configure uma corrida generalizada em busca de vantagens governamentais.


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